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A máquina do tempo – parte II

Mitocôndrias e Quasares

Na sequência do último texto sobre a evolução da história da meteorologia iremos continuar este périplo, começando no Renascimento até à Meteorologia atual.

A meteorologia foi reprimida na Europa durante a Idade Média. Foi somente aquando do ressurgimento intelectual e cultural do século XV – o Renascimento – que se verificaram importantes avanços nos campos da medição científica e da compreensão do estado do tempo. Foi Leonardo da Vinci quem personificou melhor o espírito da curiosidade e das experiências científicas. Ele inventou diversos instrumentos meteorológicos, incluindo um para determinar a humidade. O termómetro foi desenvolvido por Galileu Galilei e o barómetro foi inventado por Evangelista Torricelli. O cientista francês Blaise Pascal chegou à conclusão que as alterações na pressão atmosférica, medidas com barómetro, estavam relacionadas com as mudanças de tempo: um dos princípios básicos da meteorologia.

Por volta de 1600, as Américas já tinham sido acrescentadas aos mapas europeus, já se havia efetuado duas viagens de circum-navegação e exploradores como Cristóvão Colombo e Fernão de Magalhães aperfeiçoaram os registos regulares do estado do tempo através dos oceanos. As Descobertas conduziram a uma crescente compreensão dos ventos e das correntes oceânicas.

Como foi referido, Blaise Pascal descobriu que a pressão do ar mudava com a altura e também podia ser relacionada com as alterações do próprio estado do tempo. Na Inglaterra, um jovem cientista chamado Isaac Newton, nascido em 1642, o ano da morte de Galileu, descreveu leis da física e do movimento que são a base dos modelos atuais dos computadores de meteorologia. Um outro ponto interessante na história da meteorologia foi promovido pelo físico alemão Gabriel Daniel Fahrenheit que inventou a escala de temperatura que tem o seu nome. Calibrada em três pontos: a temperatura de água, gelo e sal (0º F); o ponto de congelação da água (32º F); e a temperatura corporal dos seres humanos (que se presumia ser de 96º F). Em 1742, Anders Celsius introduziu uma escala nova que definiu o zero com o ponto de ebulição da água e os 100 graus como o seu ponto de congelação. Esta escala foi invertida, em 1745, pelos seus assistentes Christin of Lyon e Marten Stromer.

Os progressos evoluíram com rapidez e por alturas da viragem do século XVIII começaram a ser fundadas estações meteorológicas permanentes. Perto do fim do século, as sociedades cultas partilhavam informações recolhidas das suas observações meteorológicas embrionárias. O começo do século XX assinalou o início da era moderna da meteorologia. Durante a primeira parte do século surgiu a perceção de que havia um potencial para prever o estado do tempo numa grande variedade de escalas de espaço e de tempo. Lewis Fry Richardson (1881-1953) propôs a utilização de equações matemáticas para prever o tempo. Muito embora não fosse exequível a realização de cálculos necessários ao tempo, os primeiros anos do século XX foram testemunha do desenvolvimento dos primeiros computadores eletrónicos, percursores dos que sustentam atualmente as operações dos centros nacionais e internacionais de previsão meteorológica.

Desde então aperfeiçoou-se uma variedade extraordinária de técnicas, desde as observações manuais e automatizadas, aos radares e satélites meteorológicos de recolha remota de dados. A meteorologia atual usa a ciência e tecnologia para controlar e prever os estados do tempo. A preparação de previsões meteorológicas cuidadas é auxiliada por níveis muito elevados de cooperação entre os serviços meteorológicos nacionais, provavelmente inigualável em qualquer outro campo. Os operadores dos satélites meteorológicos, as redes de estações meteorológicas e os modelos de computador trocam livremente informações no menor tempo real possível. Toda esta colaboração está a conduzir a previsões cada vez mais precisas, para períodos tão curtos como uma hora, ou tão longos como a próxima estação ou até mesmo as duas seguintes. Quer se pretenda efetuar uma prospeção de petróleo num oceano remoto, quer se queira planear umas férias, ou semear cereais, as informações meteorológicas fiáveis desempenham um papel importante.

Por: António Costa

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