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“Solitário” condenado a 21 anos de prisão

Dependências de Aguiar da Beira, Castelo Branco e Trancoso estão na lista do maior assaltante de bancos em Portugal

O Tribunal da Anadia condenou, na passada quinta-feira, a um cúmulo jurídico de 21 anos de prisão o recordista de assaltos a bancos em Portugal, um empresário luso-francês autor confesso de 27 roubos à mão armada em instituições bancárias, na maioria agências da Caixa de Crédito Agrícola. Da extensa lista constam as dependências de Aguiar da Beira, Castelo Branco e Trancoso. Manuel Simões, 55 anos, radicado em Nice (França) há 30, confessou que vinha a Portugal para assaltar bancos cujo produto, que ascendeu a 135 mil euros, era depois aplicado no saneamento financeiro da “Solutions-Automatisme”, empresa de que era sócio gerente.

Terão sido as dificuldades financeiras da firma – que também originaram problemas familiares – que levaram Manuel Simões a decidir assaltar bancos de Norte a Sul do país, entre 1998 e 2000, tendo sido detido em Setembro de 2002 em França, onde tinha um comportamento sem reparos, pelas autoridades policiais daquele país em estreita colaboração com a PJ. Por ter nacionalidade francesa, o arguido não foi extraditado para Portugal, o que só veio a acontecer quando, numa saída da cadeia, viajou para a Alemanha, país que efectivou a extradição, cumprindo um mandado de captura internacional. Identificado no âmbito de uma investigação da secção regional de Combate ao Banditismo da PJ de Coimbra, o arguido usava uma pistola de alarme nos assaltos, que efectuava com grande dispersão geográfica, actuava sempre sozinho, o que lhe valeu a alcunha de “Solitário” nos meios policiais. Até à sua detenção, não havia memória em Portugal de um assaltante que tinha feito tantos roubos durante tanto tempo, sendo que a frequência das suas incursões a Portugal dependia do valor que conseguia roubar. A tal ponto que a PJ conseguiu apurar que quanto mais dinheiro era furtado, mais prolongada era a sua permanência em França. Manuel Simões, que também teria residência em Ourém, escolhia Caixas de Crédito Agrícola Mútuo e outras dependências bancárias em locais pouco movimentados. A última incursão terá ocorrido em 2000, sem sucesso, em Vilarinho do Bairro (Anadia), mas outras houve em que o indivíduo, sem cadastro em Portugal, foi bem sucedido. Anadia, Pombal, Carregal do Sal, Oliveira do Hospital, S. Pedro do Sul, Mealhada, Arganil, Soure, Moimenta da Beira, Mirando do Douro, Golegã, Viseu, Penafiel, Marco de Canaveses, Borba e Reguengos de Monsaraz, foram alguns dos assaltos atribuídos ao “Solitário”.

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