O projecto do futuro Museu do Côa será conhecido em Junho, após o júri escolher a melhor das 40 propostas apresentadas no âmbito de um concurso público internacional, organizado pela Ordem dos Arquitectos, para a concepção do equipamento a construir em Vila Nova de Foz Côa (Guarda). O Ministério da Cultura espera que o novo museu possa estar pronto para ser inaugurado no último trimestre de 2007, onze anos depois de ter sido prometido pelo Governo de António Guterres para o vale do Côa.
O júri permaneceu no anonimato até 18 de Março, um dia depois de terminado o prazo de entrega das propostas, por força do Decreto-Lei 197/99 de 8 de Junho, sabendo-se agora que é constituído por Fernando Real, presidente do Instituto Português de Arqueologia (IPA), que vai presidir, João Belo Rodeia, presidente do Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), João Herdade (Instituto Português de Museus), Sotero Ribeiro (autarca de Foz Côa), Alpoim Guedes (Ordem dos Arquitectos), João Gomes da Silva (Associação Portuguesa dos Arquitectos Paisagistas) e Gonçalo Byrne (arquitecto). Um septeto que tem nas mãos o futuro do empreendimento mais aguardado na região duriense nos últimos anos. O contrato de projecto que se pretende celebrar com o vencedor cobrirá as valências necessárias de arquitectura e de arquitectura paisagística, todas as engenharias e ainda museologia, sendo toda a intervenção perspectivada em cenário de planeamento bioclimático, de optimização e de eficiência energética. Como consultores para assessorar o júri foram também escolhidos para as áreas de Museuologia, Arqueologia e Arte Rupestre, Luís Raposo (director do Museu Nacional de Arqueologia) e António Martinho Baptista (director do Centro Nacional de Arte Rupestre). Já Pedro Tavares vai coordenar uma vasta equipa de especialistas nas diversas áreas técnicas.
A intenção de construir o Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa remonta a 1996, ano da criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), uma área considerada Património da Humanidade a preservar dois anos depois pela UNESCO. Em 1998, o Estado português assumiu o compromisso de desenvolver a conservação da Arte Rupestre e promover a construção de um museu, de modo a proporcionar a um público alargado a informação adequada, inseri-lo nos circuitos do turismo e promover o desenvolvimento económico e social da região. Contudo, a sua concretização tem sido muito conturbada. No final de 2001, o Ministério da Cultura de então escolheu o projecto em cascata de Maia Pinto, director do PAVC, para o sítio da Canada do Inferno, local onde deveria ter sido construída a barragem da EDP. O Governo PS caiu em Março de 2002 e arrastou consigo o primeiro Museu do Côa, que a coligação PSD-PP mudou para uma encosta sobranceira à confluência dos rios Côa e Douro, na zona Norte do parque. Uma nova localização, no Vale de José Esteves, que implica um projecto mais pequeno, custos mais reduzidos, mas centralidade em relação a vários núcleos de gravuras. Uma nota do Ministério da Cultura diz que são objectivos do empreendimento, a adequação do projecto à divulgação do Vale do Côa, da arte rupestre, da arqueologia regional, bem como a integração harmoniosa do conjunto edificado na paisagem, as acessibilidades internas e externas. Sem esquecer a contenção das áreas brutas cobertas edificadas a um máximo de seis mil metros quadrados e ao valor global do empreendimento, com custos máximos de 30 milhões de euros. Contudo, todos os prazos inicialmente previstos já estão em derrapagem.
Luis Martins