Os estágios do ensino superior ao abrigo do Programa de Desenvolvimento Educativo para Portugal (PRODEP) para 2004, que todos os anos subsidia centenas de recém-licenciados em estágios não remunerados de três ou seis meses, foram cancelados na última semana por despacho da ministra da Ciência e do Ensino Superior, Maria da Graça Carvalho.
Química Industrial, Bioquímica, Ciências da Comunicação e Ciências do Desporto serão os cursos da UBI mais afectados com a medida ministerial, visto terem sido estas as áreas com o «maior número de candidatos» às bolsas do PRODEP para estágios não remunerados, diz Rogério Palmeiro, do Gabinete de Estágios e Saídas Profissionais (GESP) da Universidade da Beira Interior. A suspensão dos estágios PRODEP, cujas candidaturas deveriam ocorrer de 15 de Março a 15 de Abril, surge na necessidade da «reformulação» dos conteúdos físicos e financeiros do programa com a consequente «reafectação da dotação disponível em cada medida», explica o despacho da ministra da Ciência e do Ensino Superior, tal como acontece de resto com os restantes Programas Operacionais do QCA III. Com esta reformulação, Maria da Graça Carvalho espera obter fundos comunitários para os próximos estágios PRODEP, que se prevêem regressar em 2005. Apesar de reconhecer que esta medida governamental poderá «inviabilizar» o estágio a certos estudantes em empresas ou instituições, Rogério Palmeiro não acredita que os estudantes fiquem sem estágios logo após a conclusão do curso.
«No ano passado havia 90 candidaturas do PRODEP e 1.100 ofertas de estágios», ressalva aquele responsável, adiantando que a maior dificuldade prende-se com o facto de alguns alunos não usufruírem qualquer remuneração na frequência do estágio. Ao obrigo do PRODEP, os jovens estudantes poderiam ter acesso, no final do estágio, a uma bolsa de 450 euros mensais. Agora, caso as empresas não atribuam qualquer subsídio, poderá haver situações em que os alunos desistam dos estágios por não poderem suportar os encargos financeiros. Situação que poderá ser também negativa para as empresas e instituições da Covilhã, tendo em conta que 80 por cento dos estudantes da UBI são deslocados. «O que vamos fazer é tentar “seduzir” as empresas para a necessidade de terem estes quadros qualificados», adianta Rogério Palmeiro, consciencializando-as ao mesmo tempo para a necessidade de reembolsarem os estagiários. Impossibilitados de fazerem mais face a esta medida, pois não existe outro programa semelhante ao PRODEP, este responsável espera apenas que os jovens ponderem muito bem as decisões e que não desistam destas oportunidades de experiência profissional apenas por dificuldades financeiras. Apesar do despacho ministerial surgir já com algum atraso, no ano passado os alunos da UBI – que ficaram excluídos do programa pela impossibilidade da instituição responder às exigências tardias do Ministério – apenas foram informados que não teriam bolsas PRODEP já a meio dos estágios.
Liliana Correia