O semanário “Expresso” apresentou uma tabela de 48 localidades sobre a qualidade de vida de várias áreas urbanas, da qual se destaca Évora, que lidera as cidades portuguesas. No “ranking” sublinha-se também 17º lugar alcançado pela Covilhã, a 19ª posição de Castelo Branco e o 23º lugar da Guarda. Um lugar pouco honroso, já que a seguir só existem mais três capitais de distrito, nomeadamente Faro, Portalegre e Santarém. A classificação não foi muito bem recebida por Maria do Carmo Borges, para quem «não houve rigor» no trabalho publicado, uma vez que considera que os critérios adoptados «foram diferentes de cidade para cidade».
A análise pretende dar a conhecer um pouco melhor cada localidade, tendo sido consideradas 45 cidades e três vilas, tanto do ponto de vista urbano, como demográfico, além da perspectiva habitacional. Para a classificação das zonas urbanas em análise foram considerados 15 itens, designadamente, acessibilidades, sinalética, fluidez de trânsito, oferta cultural, espaços verdes, densidade urbana, comércio, contacto com água (espaços de recreio e lazer com água), espaços desportivos, estacionamento, segurança, animação nocturna, alojamento turístico, restauração e, por fim, equipamentos sociais.
Da longa lista das mais cotadas, importa salientar que das 18 capitais de distrito de Portugal continental, conclui-se que a cidade da Guarda se encontra na cauda, com a mesma pontuação que Setúbal, à frente de Faro, Portalegre e Santarém. De resto, importa salientar que a interioridade não foi sinónimo de infortúnio, até porque as várias localidades que se encontram acima da Guarda são do interior, designadamente Chaves, Bragança, Beja, Mirandela, entre outras.
Na Guarda, o estacionamento e o trânsito foram apontadas como condições adversas e são classificados como uma «verdadeira dor de cabeça» para quem visita a cidade. A Guarda “chumbou” também na falta de contacto com a água, por isso é aconselhado que esta relação seja mais valorizada. Também a densidade urbana recebeu poucos pontos nesta classificação. O Centro Histórico degradado e a descaracterização urbanística a que a cidade foi conduzida merecem o chumbo do estudo. Nas condicionantes favoráveis salientam-se as boas acessibilidades, o dinamismo comercial, a preocupação com os espaços verdes e a sinalética. Porém, a nota mais elevada, de uma escala de 0 a 20, é o 15 obtido pelos bons equipamentos sociais, permanecendo a segurança como a principal mais-valia para se viver na Guarda.
A presidente da Câmara considera que o estudo «não apresenta fundamentos que nos dêem garantia de rigor», nomeadamente na cultura, acessibilidades e na oferta turística. Maria do Carmo acredita que a tabela «tem o valor que tem», apesar de não concordar com os critérios adoptados «por não serem iguais para todas as cidades». A edil admite, no entanto, que os resultados estão «correctos em alguns aspectos», particularmente no que se refere ao trânsito e ao estacionamento da cidade. Só que os números apresentados «não têm rigor», sustenta, na medida em que os itens utilizados diferem, porque, se assim fosse, a Guarda não tinha escolas primárias ou taxa de abastecimento de água», explica. De resto, Castelo Branco está no meio da tabela das capitais de distrito, mérito do forte crescimento industrial, o que originou o aumento da sua malha urbana. Uma densidade urbana que é apontada como um factor negativo, bem como o escasso alojamento turístico e o pouco contacto com a água. Em contrapartida, apresenta boas acessibilidades ao centro urbano e assegura uma boa oferta cultural e no comércio. Já a Covilhã foi a cidade da Beira Interior com melhores resultados, alcançando o 17º lugar. Entre outros factores, destacam-se as boas acessibilidades, os espaços verdes, a animação nocturna e o alojamento turístico. O pior apontado pelo “Expresso” para se viver nesta cidade é mesmo o trânsito no centro urbano, a restauração e o comércio.
Patrícia Correia
