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«A Misericórdia quer fomentar a cidadania e a multiculturalidade junto dos mais novos»

Cara a Cara – Ana Almeida

P- Porque iniciaram este projeto e quais os objetivos?

R- Iniciámos este projeto nos infantários da Misericórdia da Covilhã porque temos uma escola inclusiva que promove a igualdade de oportunidades e que procura formar cidadãs e cidadãos autónomos, conscientes, com sentido ético e com valores, como o amor, a justiça, a partilha e a solidariedade. Acreditamos numa educação para a excelência do saber em todos os domínios, nomeadamente naqueles que possibilitem às crianças a aquisição de competências que as tornem flexíveis, atuantes e capazes de responder aos desafios atuais. Tendo por base estas premissas, e a parceria já estabelecida com a Associação Erasmus Students Network (ESN) no âmbito da Erasmus Social Week, criámos este projeto-piloto inovador e multicultural que tem por objetivo promover e fomentar a cidadania, a responsabilidade e a tolerância como princípios basilares de uma educação critica e inclusiva. A ação consiste na dinamização de um atelier, com periodicidade quinzenal, destinado ao conhecimento de uma cidade/país do mundo. Assim, os estudantes de Erasmus da Universidade da Beira Interior visitam a «sala dos esquilos de 5 anos» do infantário “Mundo da Fantasia” e realizam as dinâmicas, previamente definidas, recorrendo a metodologias participativas adequadas à idade dos meninos e meninas e com a cooperação da educadora de infância e das auxiliares da sala. Consideramos que é um projeto que traz a

multiculturalidade à Misericórdia da Covilhã e que enriquece as crianças despertando a sua curiosidade para o conhecimento de outras culturas.

P- Trabalham com quantos estudantes Erasmus e de que países são?

R-Neste ano letivo, como cada mês é dedicado a um país/cidade e cada sessão é dinamizada por estudantes oriundos dessas cidades/países, integram este projeto 20 alunos oriundos da Roménia, México, Brasil, Polónia, Espanha, Itália, França, entre outros.

P- Como foi feita a escolha dos alunos que participam na iniciativa, qual o critério?

R-Numa primeira fase, o projeto foi apresentado aos alunos e foi aberta uma fase de inscrições. Numa fase posterior, em observância com um conjunto de critérios que se prendem com competências pessoais e sociais dos alunos, experiência em anteriores ações de voluntariado (em especial com crianças) e disponibilidade, são selecionados os estudantes por país/cidade temática dos ateliers.

P- Como é que os estudantes têm encarado esta iniciativa?

R- A Erasmus Studentes Network (ESN) Covilhã é constituída por um grupo de voluntários cujo propósito é ajudar os estudantes de Erasmus da UBI a adaptarem-se à cidade e à comunidade e, por isso mesmo, os estudantes selecionados para participar este ano letivo descrevem a experiência como motivadora, extremamente gratificante e propiciadora do seu crescimento e enriquecimento individual/pessoal.

P- Depois do “Mundo da Fantasia”, a iniciativa vai chegar a outros infantários da Misericórdia?

R- É nosso objetivo estender este projeto multicultural no próximo ano letivo aos outros dois infantários da Misericórdia da Covilhã, com as necessárias adaptações e incorporando novos desafios, como por exemplo um maior envolvimento/participação dos encarregados de educação.

P- A Santa Casa tenciona levar este projeto a outros infantários do concelho, para além dos da Misericórdia?

R- A Misericórdia da Covilhã é uma instituição cívica e solidária onde a aprendizagem e a partilha com outras pessoas ou organizações é a base para uma melhor atuação futura. No Departamento de Ação Social e Projetos, esta conduta é fundamental para fazermos e ajudarmos amanhã, mais e melhor. Neste sentido, também defendemos que as boas práticas devem ser transferidas e replicadas, com as devidas e necessárias adaptações, para outras organizações e/ou territórios e estamos disponíveis para apoiar a sua implementação. Contudo, este projeto resulta da cooperação e envolvimento de cerca de 30 pessoas entre alunos, sociólogos, assistentes sociais, psicólogos e educadores de infância e recebeu, desde o primeiro momento, o apoio incondicional do provedor António José Neto Freire pelo que o seu sucesso é fruto deste trabalho em equipa, que deve ser observado aquando da sua apropriação por outras organizações/ infantários.

P – Que outros projetos a Misericórdia está a preparar nesta área?

R- No Departamento de Ação Social e Projetos estamos a delinear diversos projetos comunitários, mas também no âmbito dos infantários. Trata-se de proporcionar à criança espaços de reflexão, além do seu quotidiano, e de participação e que lhe permitam aprender a conhecer, aprender a fazer e aprender a ser. Neste sentido, é nossa intenção implementar no próximo ano letivo um projeto para o desenvolvimento de competências empreendedoras.

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