As expetativas confirmaram-se. O Banco Central Europeu (BCE) avançou mesmo com a bazuca monetária que todos esperavam para atacar o risco de deflação, numa altura em que a taxa de inflação na zona euro está em terreno negativo e a média anual de 2014 ficou em 0,4 por cento, longe da meta de 2 por cento.
O BCE vai comprar ativos – públicos e privados – no mercado a um ritmo de 60 mil milhões de euros por mês (valor superior aos 50 mil milhões que correram na imprensa internacional ao longo de quarta-feira). O objetivo é que o programa, que arranca em março, dure até setembro de 2016, mas dependerá das projeções de médio prazo da inflação.
O novo programa tem o nome de Expanded Asset Purchase Program (EAPP) e soma-se aos programas anteriores que estão já no terreno, nomeadamente as injeções de liquidez condicionadas pelo crédito concedido (conhecido pelo acrónimo TLTRO). O EAPP pode atingir um total de 1,14 biliões de euros caso se prolongue até setembro do próximo ano.
A partilha de risco será feita entre o BCE e os bancos centrais nacionais, ficando Frankfurt com apenas 20 por cento. As compras de dívida pública terão em conta o peso de cada país no capital do BCE e exigem rating mínimo acima de lixo (Portugal tem apenas numa das quatro agências). Os países sob programa estão dispensados de rating mínimo, como acontece nas injeções de liquidez.
O presidente do BCE não fixa um objetivo para a dimensão do ativo a que pretende chegar e sugere apenas que poderá rondar o valor máximo atingido em 2012, quando ultrapassou ligeiramente três biliões de euros. Neste momento, ronda 2,2 biliões e se o EAPP se prolongar até setembro do próximo ano, admitindo que tudo o resto permanece inalterado, poderá chegar a 3,2 biliões.