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Comerciantes do mercado de São Miguel responsabilizam Câmara da Guarda por falta de condições

Num espaço onde ainda há algum comércio, os lojistas queixam-se da ausência de condições e de clientes que permitam viabilizar os seus negócios

O mercado municipal de São Miguel, na Guarda-Gare, parece estar «destinado ao abandono» por parte da Câmara, pelo menos é essa a opinião dos poucos comerciantes que ainda tentam fazer face à “desertificação” do espaço.

Aurélio Freixo tem naquele local um pronto-a-vestir há cerca de 15 anos, nunca pensou ver o mercado «tão abandonado e com tão pouca gente» como está atualmente. Tem assistido «à degradação da situação a cada ano» e acusa a autarquia de não dar atenção aos comerciantes que ali resolveram estabelecer-se. Na sua opinião, o espaço necessita de obras no telhado das pequenas lojas, pois «está podre e quando chove há infiltrações». Há um ano que expôs a situação ao atual executivo e lamenta que desde então nada foi feito. A falta de segurança é outro dos problemas apontados por Aurélio Freixo: «Temos um guarda que apenas abre o portão e vai para casa, só volta ao mercado no final do dia para o fechar», refere.

O mercado que chegou a ter quatro vendedores de frutas e legumes, «agora já nem isso vende», acrescentam outros comerciantes. Atualmente, essas bancas estão ocupadas pelo que todos chamam de «entulho e lixeira» e acusam a proprietária da florista de ocupar aquele espaço «sem qualquer arrumação ou organização, acumulando sujidade». Salete Morgado nega as acusações e adianta que paga para ocupar o espaço. No entanto, no que toca à necessidade de obras no mercado de São Miguel, partilha a mesma opinião dos vizinhos. «A cada dia temos menos clientes», comenta também Francisco Batista. O locatário de uma das lojas aponta igualmente o dedo à Câmara pela falta de apoio aos comerciantes ali instalados e garante que «a falta de condições e o mau aspeto» aumentou desde que Maria do Carmo Borges saiu da presidência da Câmara.

Maria Alcina, que explora o minimercado existente, critica os políticos por só se lembrarem deste pequeno mercado na altura das eleições. «Depois, ninguém quer saber de nós, somos esquecidos», lamenta, recordando que o atual presidente Álvaro Amaro também os visitou na campanha de 2013 e prometeu a realização de um mercado por mês. «Até agora ficou-se apenas pelas palavras», constata Maria Alcina, adiantando que «o presidente da Câmara nunca mais apareceu». O proprietário da peixaria, Luciano Amaral, junta-se aos colegas para dizer que foram esquecidos e exige «obras que permitam melhorar as condições do mercado e assim atrair os clientes». É que, segundo Aurélio Freixo, apesar de passarem muitos carros pela zona, «ao final do dia contam-se pelos dedos das mãos as pessoas que entram». Neste momento, o mercado municipal de São Miguel tem apenas oito lojas de comércio, a loja social, que também desagrada aos comerciantes por atrair «a malandragem e tira clientes às outras lojas».

O INTERIOR contactou a Câmara da Guarda sobre este assunto, mas até ao fecho desta edição não obteve qualquer resposta.

Comerciantes lamentam que Álvaro Amaro só os tenha procurado na campanha eleitoral

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco s silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Perante estas queixas, que são mais que verdade, a explicação para o facto prende-se com a falta de dar visibilidade a um espaço que vive na sombra do que são outros interesses das grandes superfícies, logo não tem muito impacto para a Câmara todo o aparato que se possa criar. O pequeno, por ser pequeno, está condenado ao abandono e esquecimento. Foram muitas as grandes superfícies que se impuseram e fizeram desaparecer estes resistentes. Quem não se lembra como funcionava o antigo mercado da Guarda – dessa altura ainda vemos a cobertura no mercado da Estação. Se a Câmara quiser pode fazer algo no sentido de conseguir mudar a história das coisas. Basta fazer alguns ajustes e melhorar as condições de uso, para além de ter em conta as queixas dos seus actuais arrendatários. Este espaço precisa de ser intervencionado como marco importante na zona urbana da Estação, e os seus residentes têm uma palavra a dizer, pois parece que as culpas não podem ser aplicadas só à Câmara, mas também aos residentes da Estação. Trata-se de dar alguma visibilidade a este local tornando-o mais atrativo e acolhedor.
 

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