P – Já passaram alguns anos desde que venceu um prémio de escultura em Vila Nova de Cerveira. O que tem feito desde então?
R – Depois de Vila Nova de Cerveira já fiz muitas exposições quer individuais quer coletivas, em Portugal e no estrangeiro. Felizmente, os projetos têm sido muitos e, claro, os desafios também, no entanto tenho ao longo destes anos procurado sempre aumentar a qualidade dos meus trabalhos. Em 2013 venci mais um prémio que foi uma Menção Honrosa no Concurso de Ideias para a obra escultórica – Dr. João Cordeiro no Museu da Farmácia, em Lisboa.
P – Tem sido escolhido para representar Portugal em mostras internacionais de escultura. Como foi essa experiência?
P – Tem sido bastante gratificante, é sempre bom representarmos o nosso país, isso mostra que em Portugal também se fazem coisas boas. Estas experiências, nomeadamente em Cuba, levam-me a poder conhecer outros povos e outros artistas alargando assim o meu leque de conhecimentos artísticos. Por outro lado, isso faz com que a minha obra seja também conhecida lá fora.
P – O que o inspira agora para as suas esculturas? A sua obra também evoluiu em termos de técnica e de materiais?
R – A minha inspiração acaba por ser sempre a representação do corpo humano ou animal mas de um outro modo. Preocupo-me sobretudo com o que ele pode sugerir e as sensações que pode provocar. Posso situar o meu trabalho no Expressionismo, uma vez que me afasto do Naturalismo de muitos escultores. A técnica na minha escultura tem vindo a ser cada vez mais apurada, quanto aos materiais, eles variam entre a resina de poliéster, o metal, o bronze e agora mais recentemente o vidro e a madeira.
P – Tem alguma obra em curso atualmente. De que se trata?
R – Sim, estou sempre a trabalhar, neste momento estou a realizar uma escultura para a VI Exposição Internacional de Arte Contemporânea da Extremadura – VIVE-ARTE 2015, em Espanha, que será inaugurada no final do próximo mês de fevereiro. A escultura que estou neste momento a realizar é uma figura feminina que transporta uma esfera vermelha nas mãos.
P – Vai ser o autor do galo do próximo espetáculo carnavalesco da Guarda. Como vai ser o seu galo?
R – Sim, estou a realizar com a minha equipa de trabalho o galo para o Carnaval da Guarda. Em termos estéticos o galo vai ser uma peça convencional de modo a que as pessoas o possam identificar facilmente, terá uma altura próxima dos quatro metros. Relativamente aos materiais passará sempre por uma estrutura em ferro, rede de capoeira, pasta de papel e depois cartão canelado, uma vez que é para arder não pode haver materiais tóxicos.
P – A Câmara da Guarda vai ornamentar as rotundas da cidade. Qual seria a escultura que poderia propor e para onde?
R – Teria um enorme prazer em fazer uma escultura na cidade onde respirei pela primeira vez. No entanto, o meu espaço de eleição não seria uma rotunda mas outro lugar, como por exemplo um jardim, ou um outro qualquer espaço verde a pensar, isto porque nesses espaços os transeuntes passeiam e têm tempo para fruir uma obra de arte ao contrário das rotundas onde as pessoas passam de automóvel e não conseguem apreciar. A escultura que eu propunha era o “Anjo da Guarda”.
P – Acha que arte urbana tem sido esquecida na cidade?
R – Julgo que sim, mas de uma maneira geral em quase todo o país. Fala-se em crise e as pessoas julgam que a arte não é necessária. Puro engano. As cidades com arte têm outro espírito, a arte é uma promessa de felicidade e não tenham dúvidas que as cidades com arte têm mais “luz” e mais vida. A Guarda precisa de arte, como é uma cidade fria e de certa maneira algo escura, ainda se torna mais pertinente. No entanto, parece que as coisas estão a mudar e ainda bem, mas cuidado com os excessos… Com o fazer por fazer…
P – Para quando uma exposição de Pedro Figueiredo na galeria de arte do TMG? É um projeto para 2015?
P – Bem, posso adiantar que não será no TMG, nem em 2015. O convite já me foi feito para um outro lugar, no entanto pode haver outras possibilidades que terei de estudar com a pessoa que me convidou. Uma coisa na minha cabeça parece certa é que vou voltar a expor na Guarda e isso para mim é sempre um motivo de felicidade… Talvez em 2016… Vamos ver… O que interessa é que eu seja capaz de surpreender os guardenses quer no lugar, quer nas obras que vou expor…