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Justiça pelas próprias mãos

A cadência vertiginosa de títulos noticiosos dá-nos uma cómoda sensação de sermos cidadãos esclarecidos e perfeitamente indignados com tudo o que se passa no país. (…).

Ora, no interior do país, de onde escrevo, a velocidade é outra. (…) Detenham-se neste acórdão escrito na pedra. Há indícios suficientes para condenar a realidade do interior do país à prisão preventiva: branqueamento de pessoas e oportunidades de vida, pouco tráfego de influências positivas nas nossas estradas e empobrecimento ilícito.

As visitas de médico dos filhos e netos por ocasião do Natal podem atenuar o Inverno rigoroso, mas não fazem esquecer que os problemas da desertificação são uma bola de neve que bate na cara e aleija. (…) Como é que concelhos com um ritmo de vida tão aborrecido pensam vir a atrair os rapazes e raparigas que estão neste momento na centrifugadora vida universitária?

(…)

Não quero tirar importância aos assuntos sérios deste país. Mas desta vez gostava que se tornassem cidadãos esclarecidos e perfeitamente indignados perante o definhamento destes territórios. Viver no interior do país é aborrecido. Faria se, em vez de escrever sobre estados de espírito, vos falasse das privações de cultura, educação, desporto e acesso à saúde a que nos estão a condenar. Era um escândalo.

Pedro Rebelo Pereira, Mêda, licenciado em Ciências da Comunicação pela FCSH/Universidade Nova de Lisboa

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