A Adega Cooperativa de Pinhel não podia estar mais satisfeita com o investimento de 300 mil euros realizado num novo sistema de decantação de vinhos que já permitiu aumentar a qualidade da produção.
Este foi o primeiro ano em que a Cooperativa utilizou o novo “decanter” e o presidente da instituição garante que foi uma «ótima opção» e que «estamos muito contentes com o investimento feito», uma vez que a nova máquina «ajuda-nos a separar a matéria sólida da líquida, num processo todo mecanizado. Entra o bago da uva e sai o vinho limpinho e pronto a fermentar». O equipamento foi comprado com o apoio do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), no âmbito do programa de modernização da adega, e entrou em funcionamento a 30 de setembro, dia em que a adega iniciou a campanha de vindimas deste ano. De acordo com Agostinho Monteiro, o novo sistema foi utilizado na produção de vinhos brancos, retirando «todo o sumo que a uva tem e separando todas as impurezas e lixos sólidos, permitindo uma fermentação do vinho perfeitamente limpa e com elevados níveis de qualidade». Além disso, o equipamento permitiu poupar tempo na fermentação dos mostos, acrescenta o responsável.
O presidente da Adega de Pinhel sustenta que o novo “decanter” é apenas mais «um elemento» no processo de modernização da cooperativa, adiantando que a instituição está «de boa saúde financeira» apesar de um investimento de cerca de três milhões de euros realizado nos últimos 10 anos, que está «todo pago». Agostinho Monteiro refere que a atividade da Cooperativa está «a correr bem dentro dos constrangimentos da crise e tendo em conta que o vinho não é um produto de primeira necessidade». Apesar desta circunstância, «temos conseguido colocar a totalidade do nosso vinho, pese embora talvez não seja ao preço que desejaríamos», admite. O presidente realça que a Adega está «entre as 10 maiores do país», recebendo em média 14 milhões de quilos de uvas por ano. Na campanha de 2014, que terminou a 23 de outubro, à semelhança do que se verificou no ano anterior, a Cooperativa recebeu cerca de 13,5 milhões de quilos de uvas, que correspondem a uma produção de cerca de 10 milhões de litros de vinhos brancos e tintos.
Agostinho Monteiro considera que o ano foi «mau» por causa do frio e da chuva registados no período de desenvolvimento das videiras, mas assegura que «o trabalho que fazemos permite-nos separar as uvas e garantir a qualidade dos nossos vinhos». Nesse sentido, assegura que «vamos ter cerca de quatro a cinco milhões de vinho muito bom, de excelente qualidade mesmo, de uvas que vieram numa semana em que não choveu e vamos ter outro razoável e o restante de menor qualidade». A adega de Pinhel, que no ano passado registou um volume de negócios de cerca de 4,5 milhões de euros, vende vinhos brancos, tintos e espumantes para o mercado nacional e internacional, exportando para países como Brasil, Angola, Alemanha e França. Agostinho Monteiro sublinha que «não podemos descurar a exportação», embora «não tenha ainda um grande peso na nossa faturação mas ajuda a divulgar», salientando que «a melhor publicidade é aquela que vem do comprador». A instituição está integrada na área geográfica da Comissão Vitivinícola Regional da Beira Interior e conta com 1.580 associados nos concelhos de Pinhel, Almeida, Mêda e Trancoso.
Ricardo Cordeiro