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«Todos somos poucos para divulgarmos as nossas tradições»

Cara a Cara – Carlos Jesus

P – Qual é o papel que a Confraria Ovelhã pretende desempenhar?

R – Após a sua constituição em 22 de dezembro de 2013, a Confraria pretende vir a desempenhar um papel na dinamização das nossas tradições ancestrais relacionadas com a história de todos os produtos ligados à ovelha e sobretudo o que os nossos antepassados produziam, nomeadamente, em localidades como os Trinta, Meios e Corujeira.

P – Porquê uma Confraria dedicada à ovelha?

R – Derivado à nossa posição estratégica, nós fazemos parte do Roteiro da Lã, mas essa situação ainda não está totalmente explorada na Guarda. Falta dinamizar e criar uma série de informações, de serviços, de maneira a que as pessoas se possam identificar com o que se produzia cá antes e o que se está a produzir atualmente.

P – Quais os objetivos que levaram à criação da Confraria?

R – Pretendemos divulgar a ovinicultura na sua essência total, como seja o fomento do consumo da ovelha, das carnes, do soro, do queijo, da lã, do fio, do vestuário, do calçado e todos os outros derivados. Queremos também dar uma contribuição com um estudo de avaliação, definição e implementação das linhas de orientação culturais respeitantes à ovelha e seus derivados. Visamos também desenvolver medidas de caráter associativo que tenham em vista o convívio da solidariedade, bem como o estabelecimento de boas relações com todos os associados. Outro objetivo é a investigação e registo de métodos tradicionais, desde a criação da ovelha, de procedimentos de tosquia e tratamento da lã, até à pesquisa e levantamento das profissões associadas à ovinicultura. Também almejamos a promoção de encontros gastronómicos no concelho e no distrito da Guarda, através de concursos, palestras, exposições, workshops ou feiras, sendo que já participámos em algumas. Todos somos poucos para podermos divulgar as nossas tradições.

P – Quem são os fundadores?

R – Há 22 confrades fundadores que pertencem a todos os estratos sociais, desde a agricultura à ciência, do agricultor, pastor ou desempregado até ao doutor ou engenheiro. Não vou diferenciar nenhum porque cada confrade tem a sua função específica neste trabalho. A estrutura está definida e cada um trata de uma área específica. Pretendemos que este projeto seja bastante dinâmico.

P – Que importância atribui à realização da primeira entronização da Confraria que decorreu no último sábado?

R – A cerimónia teve uma importância bastante relevante para mostrar às gentes da Guarda um outro tipo de dinamismo do associativismo e também para trazer pessoas à Guarda. Normalmente, as confrarias começam as suas cerimónias de manhã e terminam à hora de almoço. Nós invertemos e criámos um programa que iniciámos às 14 horas e terminou à noite para “obrigar” as confrarias que vieram a pernoitarem e a desfrutarem da Guarda, de modo a também promovermos turisticamente a cidade e o concelho. A cerimónia foi também o concretizar do sonho de todos os confrades.

P – Que caraterísticas tem o vosso traje?

R – Quero agradecer o apoio que temos tido da empresa Ecolã, de Manteigas, que produziu o nosso fato que tem uma caraterística especial. Há um para homem e outro para senhora. Também é uma novidade a nível confrádico. O nosso próprio estandarte é manufaturado de forma a realçar os nossos produtos e o que a ovelha nos dá. Fomos buscar as nossas indumentárias às raízes da ovelha. Quero também realçar a parceria com a Escola de Artes e Ofícios de Maçaínhas com quem temos desenvolvido uma cooperação.

P – Existe já alguma ideia de quando poderão promover novos eventos?

R – Queremos criar uma feira anual onde possamos convidar todas as confrarias nacionais e internacionais para virem à Guarda. Vamos tentar concretizar um evento onde todas as confrarias estarão com os seus produtos e aquilo que promovem nas suas zonas. A Confraria Ovelhã, e todas as entidades que se queiram associar, promoverá a feira porque estamos no centro da Península Ibérica. Estamos a envidar esforços para que essa situação se concretize.

P – Acha que a Confraria pode contribuir para um aumento do turismo relacionado com esta temática da ovinicultura?

R – Sim, grande parte dos restaurantes já têm um produto confecionado à base da ovelha mas queremos lançar o repto a nível gastronómico para que os nossos restaurantes a possam promover ainda mais. Queremos promover esse produto e candidatá-lo no futuro a algo mais.

Carlos Jesus

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