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Comerciantes esperam que o Natal «mexa» com o negócio

Nem todos os empresários alimentam expetativas positivas em termos de vendas numa época que é tida como das mais lucrativas do ano

O Natal é tradicionalmente uma época propícia a um aumento das vendas em diversos setores de atividade e continua a gerar mais movimento do que na esmagadora maioria dos restantes meses do ano. Há comerciantes de alguns dos concelhos da área de intervenção da AENEBEIRA – Associação Empresarial do Nordeste da Beira que acreditam que os negócios vão beneficiar com a proximidade da quadra festiva, mas há outros que duvidam que isso possa suceder.

Em Trancoso, Ana Monteiro e Alda Augusto foram das empresárias mais otimistas ouvidas pelo “Jornal das Empresas” na Rua da Corredoura, a mais movimentada da cidade. No seu estabelecimento que vende roupa, calçado e acessórios, as expetativas para o Natal são «muito boas, pois as pessoas têm tendência para consumirem mais nesta altura». No final da última semana, as duas sócias do “Espaço d’Alma” revelavam que o negócio ainda estava «um bocado calmo», mas acreditam que vai «melhorar bastante» com o aproximar das vésperas de Natal. As empresárias revelam que «o negócio melhora sempre na altura do Natal e no verão e isso é importante para nós». A poucos metros situa-se a Opticália, onde André Pinto não esconde que as expetativas em termos de vendas para o Natal são «positivas» e que «esperamos faturar mais do que nos meses anteriores de outubro e novembro e do que nos seguintes de janeiro e fevereiro». «As nossas projeções são semelhantes às dos anos anteriores. Na primeira quinzena, o negócio esteve mais fraco por causa da apanha da azeitona, mas costuma compor-se sempre na segunda» por causa da proximidade do Natal e também «porque muitas vezes as pessoas optam por comprar óculos para incluir nas despesas por causa do IRS». O funcionário indica que a época do Natal, a par dos meses de julho e agosto, é das «melhores para a venda de óculos de sol». Na mesma rua fica a garrafeira e o minimercado de Fernando Garcia, que alimenta a «esperança de que as coisas melhorem, mas não é fácil por causa da concorrência das grandes superfícies». O empresário frisa que «todos os anos as vendas melhoram neste mês que é mais propício para isso, mas tem vindo a piorar ao longo dos anos», salientando que o comércio tradicional vai resistindo mas com muita dificuldade».

Grandes superfícies são forte concorrência ao comércio tradicional

Em frente, situa-se a Romântica Confeções, onde Maria Helena Sarmento se queixa de que «o negócio está pior do que nunca», embora ressalve que «nesta altura, até ao Natal, costuma melhorar sempre um bocadinho». A sócia do estabelecimento salienta, no entanto, que «os emigrantes, principalmente da Suíça, já cá costumam estar por esta altura e por enquanto ainda não demos por eles». A empresária salienta que «tirando agosto, dezembro já foi o melhor mês, mas hoje em dia já não é. As pessoas que têm dinheiro vão para fora e as que não têm, não compram». Pessimista está João Franco, proprietário do Café-Restaurante Bandarra, que tem expetativas «muito pobres e tristes» para a época natalícia que se avizinha a passos largos: «Vamos ver se melhora, mas estou aqui há um ano, o Natal do ano passado não foi muito brilhante e acho que este ano ainda será pior. Não há população aqui no interior, não há dinheiro e é complicado para as pessoas comerem fora». O proprietário do restaurante localizado nas Portas D’El Rei mostra-se também «descontente» com a Câmara de Trancoso que, em sua opinião, «devia promover mais animação para cativar mais pessoas para virem à cidade». Na Aquiflor, também não se vislumbram «grandes jeitos de isto melhorar», até porque mesmo em dezembro «as vendas têm vindo a quebrar ainda mais nos últimos dois ou três anos». Anabela e Paulo Ramos adiantam que «em termos de flores vende-se sempre mais alguma coisa na semana do Natal mas nas decorações as pessoas não têm tanto esse hábito».

Em Celorico da Beira, António Costa, proprietário do Talho Novo, espera que o negócio «melhore» com a proximidade do Natal: «Faz mexer sempre qualquer coisa mas não é o que queríamos. O mês até agora tem estado fraco. Espero que as pessoas se estejam a guardar para o Natal para virem às compras», realça o empresário que garante que o ano passado, por esta altura, foi uma «desilusão». Ao lado, fica um dos supermercados de Manuel Simão que reconhece que «normalmente o negócio melhora pelo Natal mas por enquanto não vejo perspetivas disso», indicando que o comércio tradicional «está condenado» porque as «grandes superfícies vieram dar cabo de nós», apesar de «ter aqui preços mais baratos que nos hipermercados». O empresário constata também que o concelho de Celorico «está muito envelhecido e as pessoas mais velhas comem nos lares que compram nos hipermercados».

Natal é «”lufada de ar fresco”» para alguns negócios

Carla Rodrigues, da pastelaria D. Sancho, aguarda que «haja mais um bocadinho de movimento», até porque «nos outros anos costuma melhorar sempre» e «se não for assim, mau será». A empresária sustenta que «de ano para ano o negócio tem vindo a piorar nesta altura», isto apesar de «haver sempre uma melhoria no Natal, quanto mais não seja pela venda de produtos alusivos à época».

Do mesmo ramo, mas em Aguiar da Beira, a Panifex tem «mais vendas» na época do Natal e, nesse sentido, tem expetativas «positivas» para esta época natalícia que costuma funcionar como uma «”lufada de ar fresco”» no negócio. Sandra Sena, filha dos gerentes, indica que a empresa exporta bolo-rei para França e que o negócio aumenta «sempre nesta altura próxima do Natal». Menos otimista está Américo Mendes, gerente da Bons Eventos, que tem expetativas «piores» do que em relação ao ano passado, atendendo a que a procura para a realização de festas e ceias de Natal estar a ser «muito inferior» à verificada em 2014. Deste modo, o empresário já não acredita em «grandes melhorias», não obstante esta última semana antes do Natal gerar «mais negócio, mas não é por aí além».

No Supermercado Prolar, em Pinhel, espera-se que o negócio possa melhorar mas «por enquanto ainda está tudo parado». Isabel da Conceição reconhece que nos outros anos «costuma melhorar sempre em relação ao resto dos meses mas em comparação com o ano passado se calhar vai ser inferior». A empresária nota que há «cada vez menos gente e também menos poder de compra». Na Mêda, José Francisco Lopes garante que as perspetivas na Foto Rolman são «pouco animadoras» para esta época, pois os negócios «estão mais parados do que nunca mas é claro que esperamos que venham aí melhores dias». O empresário revela que no ano passado «se vendeu mais por esta altura do que neste ano», criticando o fecho do tribunal local e a introdução de portagens na A25 que afastou «ainda mais as pessoas».

Há comerciantes que acreditam que os negócios vão beneficiar com a proximidade da quadra festiva

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