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12,5%

No passado dia 30 de setembro foi aprovado na assembleia municipal da Guarda, com os votos contra da oposição, o ponto relativo à proposta de aumento do IMI. O município vai aumentar de 0,40 para 0,45 a maioria dos prédios urbanos. Cinco décimas de ponto percentual, portanto.

Este aumento, alegadamente, deve-se a uma necessidade de saneamento financeiro por parte da autarquia no sentido de continuar a cumprir os compromissos assumidos pela desastrosa, incompetente, laxista, absurda e estúpida gestão do PS das últimas décadas. Na Guarda, como no país, os deputados socialistas, quais cobardes políticos, sacudiram a água do capote e votaram contra propostas que visavam o saneamento financeiro da cidade e do país, como se a pesadíssima herança deixada, cá, a Amaro, pelo amigo do recluso 44 e ao país, a Passos, pelo recluso 44, não tivesse sido da responsabilidade dos deputados do partido por que foram eleitos.

O grande problema destas decisões desastrosas e da receita para as endireitar é que quem acaba por pagar é sempre a desgraçada, depauperada e semi-extinta classe média.

Aguardei este tempo todo por uma reação musculada de algum jornalista, colunista ou munícipe que, como eu, se sentisse indignado com esta decisão. Parece, no entanto, que a “mula de carga” de impostos em que nos transformámos nos está a deixar mansos. Andamos cabisbaixos, com as pernas a ceder sob o peso desta vida económica e socialmente triste, sem perspetivas de futuro, numa cidade em que a única coisa que tem de bom é grátis – o seu ar puro. O resto tem que ser pago com língua de palmo. Temos das águas mais caras, um clima frio, que nos obriga a gastar um ordenado por ano em aquecimento e as portagens mais onerosas, entre outras despesas.

O que terá passado em claro é o, aparentemente, “inofensivo” aumento de cinco centésimas de ponto percentual no IMI. Mas este é, na realidade, um brutal aumento líquido de 12,5%. Quando o computador do fisco lhe calcular, para o ano, o IMI, o caro contribuinte guardense, proprietário de um imóvel, que pagou este ano 500 euros, irá pagar 562,5 euros; se pagou 750, passa a pagar 843,75; se foram 1.000, terá uma “prenda” de 1.125, e por aí fora. Enfim, um escândalo tributário encoberto.

Na Guarda, como no país, a fórmula encontrada para sanear finanças é sempre a mesma e, sempre, do lado da receita. Espero que se faça algo do lado da despesa, nomeadamente com pessoal e que deixemos de ver monos, aos pares, sentados em secretárias o dia todo, sempre que nos deslocamos nalgum corredor da sede do município ou sete trabalhadores de fato por cada trabalhador de facto a remendar canos ou buracos nas ruas e avenidas. Amaro parece que já começa a querer mostrar algum serviço. Pretende acabar com alguns vícios e inércias de repouso. Mas numa Câmara cheia de bons amigos desde os tempos de Curto, Maria e Valente, não será muito difícil que tentem dinamitar decisões suas sempre que estas vão contra os interesses estabelecidos. Espero, também, que não resolva substituir velhos interesses e interessados por novos interessados em interesses. Cabe-lhe, entretanto, dar uma nova alma a esta moribunda e vetusta cidade. Os guardenses ficaram cheios dos nadas com que foram presenteados décadas a fio, vendo cidadezinhas crescer em harmonia e transformar-se à sua volta e vendo a sua oitocentista definhar.

Até lá, nós, pobres “proprietários” de casas hipotecadas aos bancos, desconhecendo as maldades a que o FMI nos sujeitaria, lutamos há quase um lustro (os que conseguimos) por não entrar em incumprimento com os bancos e com as finanças e sofreremos nos próximos anos um pouco mais com mais esta maldade. Obrigado PS, muito obrigado!

Por: José Carlos Lopes

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