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«Há muita gente jovem a querer investir na região, nomeadamente na área de turismo»

Cara a Cara – José António Sales Gomes

P -Qual é o trabalho que a Raia Histórica desenvolve?

R – A Raia Histórica é uma ONGD, uma entidade privada sem fins lucrativos, que tem como missão e estratégia fundamental a apreciação e o acompanhamento do desenvolvimento dos cinco concelhos da sua intervenção, ou seja, Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda, Pinhel e Trancoso.

P – Quais são os objetivos da Associação?

R – A Associação foi criada para tentar tirar de uma certa acalmia, quietude e inércia a população local, provocadas por um certo envelhecimento e uma forte onda migratória e de modo a que possamos não perder os nossos valores culturais e patrimoniais, mas fundamentalmente a fixar os jovens.

P – Há quantos anos é que a Raia Histórica tenta transformar o mundo rural da região onde está inserida?

R – A Raia Histórica é sucedânea da Associação de Municípios dos Castelos da Raia que está mais ou menos “morta” e que fez o INTERREG I. Quando apareceu o Leader II as associações de municípios não se puderam candidatar. Ainda se fez uma primeira intenção de candidatura em 1995 com os Castelos da Raia, mas depois teve que se transferir essa pré-candidatura para a associação que se criou quase em caráter de urgência para podermos, dentro dos prazos legais, apresentar a candidatura definitiva da Raia Histórica como associação de desenvolvimento.

P – Qual o montante global de investimento que já passou pela Raia Histórica para apoiar projetos nos cinco concelhos da sua área de intervenção?

R – Muito dinheiro, talvez entre 40 a 50 milhões de euros entre os diversos programas de apoio que já houve. No último quadro houve apoios de mais de nove milhões de euros que ajudaram a criar mais de 80 postos de trabalho diretos. Por exemplo, o projeto da Misericórdia da Mêda propunha criar 10 postos de trabalho e acabou por criar mais 18, que não estão contabilizados nesses mais de 80 postos de trabalho diretos e isto aconteceu em mais projetos.

P – Quantas pessoas trabalham na Associação?

R – Neste momento, com o CLDS e o GIP, trabalham 14 pessoas. Temos o GIP que faz Almeida, Figueira de Castelo Rodrigo, Mêda, Pinhel e Trancoso, onde tem uma afluência tremenda. A Figueira vamos duas vezes por mês e a Almeida e a Mêda só vamos uma vez porque não há tanta necessidade de inserção profissional. A Pinhel não vamos porque existe lá o Instituto de Emprego.

P – O que tem de fazer uma pessoa que tem interesse em avançar com um projeto ou criar uma empresa na vossa área de cobertura?

R – Vem ter connosco, dizemos-lhe qual é a medida e a ação a que se pode candidatar, quais são as vertentes e as rubricas que são elegíveis, qual o montante máximo de investimento e as condições máximas de apoio. Depois disso, geralmente perguntam-nos onde é que vão fazer o projeto. A nossa resposta é que há muita gente no mercado e, portanto, que procurem. Nós não fazemos, nem indicamos quem faça o projeto. Damos os esclarecimentos necessários mas não interferimos em nada na elaboração da candidatura.

P -Estamos numa fase de mudança de quadro comunitário. Como é que perspetiva o futuro da Raia Histórica?

R – Entendo que vamos ter um quadro do PDR 20-20 bom e vantajoso. Não se perspetiva redução de verbas. Contamos também com o DLBC urbano e, portanto, os nossos cinco concelhos irão beneficiar de programas vantajosos, embora ainda não se saibam os pacotes financeiros correspondentes. Sabemos mais ou menos o que vamos ter de FEDER mas ao certo ainda não sabemos. Estamos a contar que dentro de muito pouco tempo saiam as portarias regulamentadoras e que haja já os avisos de pré-candidaturas para começarmos a trabalhar e admito que se irá queimar tempo, de modo a que no início do ano, até fevereiro/março, devemos ter as candidaturas no terreno. Até porque a formalização da candidatura vai ser feita no portal do Portugal 20-20 e, portanto, não temos de estar a preocupar-nos em elaborar cadernos de candidatura.

P – Está otimista para os próximos seis anos nesta área de intervenção?

R – Estou muito otimista. Há muita coisa para fazer, há muita gente jovem a querer investir, nomeadamente na área de turismo e dos produtos endógenos. Há muita gente também a querer investir em pequenas indústrias. Temos sido contactados por muita gente. No dia 20 iremos fazer a assinatura das parcerias em Pinhel com todos os parceiros que entendemos que são importantes, como é o caso das IPSS’s, associações comerciais, Câmaras, Universidade de Trás-os-Montes, Instituto Politécnico da Guarda e outras entidades que nos poderão dar o seu contributo, nomeadamente num órgão que iremos criar, o Conselho Consultivo, que irá integrar pessoas que, pelo seu valor profissional, experiência e saber, nos poderão ajudar a fazer uma estratégia mais coerente, concisa, objetiva e realizável. Essa tem sido a nossa estratégia e no Leader II fomos a associação nacional número um entre o realizado e o programado e no Leader III, no Leader +, fomos a terceira associação. Em setembro estávamos em 15º lugar entre 48 associações porque temos três projetos de IPSS’s que são três “calcanhares de Aquiles”. Quando os vir encerrados ponho as mãos ao céu porque, caso contrário, estaríamos possivelmente nos cinco primeiros. Em termos de privados está tudo a concretizar-se dentro dos timings previstos e pelos montantes previstos. Nesses três projetos de IPSS’s, mercê da falta de financiamento, as coisas estão mais complicadas. Esperemos que cheguem a bom termo.

José António Sales Gomes

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