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A propósito das Comunidades

Julgo não andar muito longe da verdade e, por isso, poder afirmar com alguma segurança que, em tese geral, todos somos pela descentralização e contra a divisão do Distrito.

Do mesmo modo, atrevo-me a considerar que ninguém se sente hoje muito confortável – por muito que isso lhe doa – a defender a coesão e a unidade quando ela deixou de existir no Distrito da Guarda. Que em 29 de Abril de 2003 – Manifesto de Manteigas – doze dos catorze Autarcas do Distrito assumiram uma posição de negociar em conjunto um modelo de descentralização. É sabido que, posteriormente, Aguiar da Beira optou por Viseu, Foz Côa se inclina a norte e Gouveia, Seia e Fornos de Algodres vão(?) também na direcção de Viseu.

Se é verdade que, por definição, a Descentralização é um modelo dinâmico, da vontade por excelência dos Autarcas, também ninguém ignora que o processo sofreu várias vicissitudes provenientes de caprichos, interesses individuais e falta de liderança que se não o mataram, pelo menos o fragilizaram e comprometeram.

Sempre me ensinaram que o óptimo é inimigo do bom, e neste momento, a melhor opção passa, em minha opinião, por uma Comunidade Urbana constituída pelos nove municípios do Distrito da Guarda – Almeida, Celorico da Beira, Figueira de Castelo Rodrigo, Guarda, Manteigas, Mêda, Pinhel, Sabugal e Trancoso – a que se somam três da Cova da Beira – Belmonte, Fundão e Covilhã e mais o de Penamacor.

É bom que exista a consciência, sobretudo por parte dos Autarcas de que só assim ficamos com uma massa critica razoável – 215 mil habitantes – exigida por lei e capaz de reivindicar e negociar dinheiros públicos (principalmente fundos comunitários), gerir em rede infraestruturas e equipamentos e promover o desenvolvimento sustentável.

Era esta a solução desejável? Não, para mim não. Mas é a possível e, quiçá, a mais sensata no contexto do previsível mapa do País.

Clara e pacífica, para mim, é a necessidade de reforçar a centralidade, de aumentar a massa critica e o nosso poder reivindicativo.

Clara e pacífica, para mim, é a necessidade de impedir que a Guarda se transforme num espaço ainda mais pobre ou em qualquer reserva natural. Mas, não me parece que seja criminoso ou constitua pecado mortal, desejar e defender a integração de todos os concelhos do Distrito nesta Comunidade Urbana. E muito menos que a Serra da Estrela seja espartilhada e deixe de constituir o ex-libris da nossa Comunidade. Para tanto basta (e penso que ainda é possível se assim o quiserem) que Gouveia, Seia e Fornos de Algodres fiquem connosco.

Em democracia deve prevalecer a vontade da maioria e em politica devem respeitar-se os compromissos e a palavra dada.

Por: Ana Manso *

* Deputada à Assembleia da República pelo PSD

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