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Coisas…

A hilariante zanga de comadres a que temos vindo a assistir nos últimos dias, entre as gentes do PPD cá da terra, tem claramente uma personagem central: a Dra. Ana Manso.

Figura incontornável da terra e da política caseira nos anos mais recentes, a Dra. Ana Manso tem vindo a semear ventos que, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, se transformariam em tempestades. Com um estilo vivo, métodos de estratégia política mais ou menos duvidosos e sem se deixar atrapalhar muito com miudezas éticas, a líder do PPD cá da terra tem feito gato-sapato de muito boa gente, acumulando um crédito de rancores e más vontades, sopradas em surdina de há já muito tempo para cá.

Sucessora quase natural de uma geração que caiu em desgraça, afrontou tudo e todos, dentro e fora do partido, disse e desdisse, ocupou cargos, partidários e públicos, manobrou, manipulou, atraiu e afastou a seu bel prazer, correu entre a Guarda e Lisboa, levando recados, trazendo promessas, desdobrando-se no afã de quem tem consciência de que está a viver o seu tempo e não outro.

Com a personalidade que Deus lhe deu, atirou forte e feio sobre os seus inimigos políticos, socialistas, elegendo para alvo preferencial aquela que julgou ser o elo mais fraco da cadeia (a Dra. Maria do Carmo Borges) e cometendo talvez o seu primeiro grande erro que foi o de subestimar o adversário. Derrotada nas autárquicas, nunca assumiu verdadeiramente o estatuto de opositora credível, fazendo mais passar a imagem de trauliteira política do que a de uma guardense preocupada com o presente e com o futuro da sua terra. Eleita nas legislativas (sem qualquer mérito pessoal, diga-se), nunca foi capaz de passar a imagem de uma defensora da sua terra em Lisboa, somando mais uma derrota estrondosa aquando da distribuição do bolo do PIDAC, derrota essa de que nunca conseguiu recuperar.

Com esta imagem de truculência, irresponsabilidade política e ineficácia, não espantou ninguém que alguns dos seus correlegionários políticos acendessem a luz vermelha de alarme e iniciassem um processo de contestação, ao verem em perigo nos próximos actos eleitorais as gamelas que sempre tomaram como certas. Sorriem contentes muitas caras, umas às claras, outras nem tanto. Aguardam expectantes alguns mais cautelosos, enquanto outros se posicionam a favor ou contra a insurreição. Gente que ainda há poucas semanas aparecia sentada lado a lado, fazendo coro dos recados de S. Senhoria, surge agora de candeias às avessas, acusando-se mutuamente e procurando uma boa posição na grelha de partida das corridas que se avizinham.

Gostam os analistas e futurologistas políticos cá do sítio de prever o fim político da Dra. Ana Manso. Cá por mim, prefiro esperar para ver, tal é a desordem e a confusão reinante.

De uma coisa tenho a certeza: a quem se enganar no palpite e fizer agora a escolha errada, nem os ossos se lhe vão aproveitar. Angústias de políticos!

Por: António Matos Godinho

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