Presidente da Câmara do Fundão há cerca de dois anos, Paulo Fernandes é pela primeira vez candidato e quer manter a autarquia nas “mãos” do PSD. Já o PS aposta no professor universitário José António Domingues para recuperar um município que perdeu em 2001, enquanto a CDU e o CDS-PP querem reforçar a votação de há quatro anos. A autarquia é a mais endividada da Beira Interior, com uma dívida de 81,7 milhões de euros, de acordo com o último Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses.
O antigo vice-presidente de Manuel Frexes considera que pode dar um «contributo válido nos próximos anos para o desenvolvimento do concelho». Paulo Fernandes, vereador durante dez anos, espera que haja «uma participação forte» dos eleitores, pois «só todos juntos conseguiremos levar o concelho para a frente e fazer valer as suas oportunidades». O social-democrata adianta que tem uma equipa «muito boa» e recorda que, no Fundão, «há a tradição de que quem ganha as eleições vencer com maioria absoluta e é isso que ambicionamos». O autarca elege a economia e o emprego como «áreas prioritárias», sendo que o objetivo é «termos um território o mais competitivo possível». Outra proposta é continuar a desenvolver «políticas sociais muito ativas e de proximidade» com o incremento da «rede de cuidados junto das pessoas mais idosas e carenciadas».
O seu principal opositor é José António Domingues. O candidato do PS espera ser o próximo presidente da Câmara e diz estar «cada vez mais confiante» de que esse objetivo será alcançado. O professor sublinha que o «endividamento clamoroso» da autarquia é uma das suas «principais preocupações» e, para alcançar a «sustentação e consolidação das contas», será necessário «muita sensatez, sabedoria e sentido de responsabilidade». O cabeça-de-lista afirma que o «desenvolvimento económico e social não tem sido planeado numa perspetiva estrutural» e quer substituir a «economia da imagem» pela «economia do produto», dando ao concelho «uma orientação de sustentabilidade». Tornar a Avenida da Liberdade «eco-eficiente» é outra proposta.
A CDU recandidata José Luís Oliveira, para quem o Fundão «continua com problemas por resolver», como o «endividamento da Câmara». O professor sustenta que é preciso «um processo de gestão mais aberto e transparente que permita à população saber que há condições para o concelho progredir». E assume que a coligação não espera «milagres, mas queremos que as pessoas vejam que é necessário mudar de rumo». «Continuar a participar na Assembleia Municipal e eleger um vereador seria um bom resultado», afirma José Luís Oliveira, que está preocupado com o envelhecimento da população e acredita ser possível contrariar a tendência de desertificação do concelho. Algumas das suas prioridades são o «controlo de contas», um planeamento «orientado» e «modificar a vida urbanística», bem como «criar dinâmicas para as pequenas empresas que se queiram instalar» e «dar vida» ao centro da cidade.
O CDS-PP avança com Arminda Tavares, que diz haver «falta de democracia na Assembleia Municipal, uma hegemonia que se verifica há 12 anos, pelo que queremos ter uma voz ativa para representar os idosos, os jovens e implementar uma nova dinâmica». A jurista assume que o o objetivo dos centristas é ganhar, «mas sabemos que na atual conjuntura não é fácil», pelo que já será positivo «eleger um vereador e aumentar a representatividade». A candidata quer «criar redes de apoio e conhecimento para podermos satisfazer as necessidades» dos munícipes, que «precisam de emprego e de ter a saúde próxima de si». Criar uma rede de transportes que «favoreça a população mais idosa e carenciada» é uma prioridade, sendo ainda necessário «melhorar e aproveitar os equipamentos sociais e culturais». Arminda Tavares sustenta também que o passivo da Câmara deve ser «corrigido» e que «tem de se saber onde foi investido todo esse dinheiro, porque não se vê desenvolvimento no concelho».
Perfil dos candidatos
Paulo Fernandes (PSD), 41 anos, consultor para o desenvolvimento regional
«Queremos fomentar o mais possível o investimento e aumentar a empregabilidade no concelho».
José António Domingues (PS), 51 anos, professor na UBI
«Colaboro na lista de um partido que é ganhador e eu não sou propriamente um perdedor».
José Luís Oliveira (CDU), 55 anos, professor no Agrupamento de Escolas do Fundão
«A gestão do PSD, aliada às políticas do Governo, não vai ser benéfica para o concelho».
Arminda Tavares (CDS-PP), 52 anos, jurista
«A Câmara do Fundão é das mais endividadas do país e estamos fartos de promessas que não são cumpridas».
Ricardo Cordeiro