Uma nova candidatura para a requalificação dos centros históricos da região foi apresentada depois do projecto defendido pela Região de Turismo da Serra da Estrela ter sido indeferido. Desta vez, são os municípios da Beira Interior Norte, em parceria com a Junta de Castilla y León, a patrocinarem o projecto, numa iniciativa que abarca ainda a cooperação transfronteiriça na prevenção de fogos florestais, a promoção do turismo e a constituição de uma comunidade de trabalho. As candidaturas luso-espanholas ao programa comunitário Interreg III foram entregues na passada sexta-feira, último dia do prazo, na CCDR do Centro, em Coimbra, e em Madrid. A concretizarem-se os projectos previstos, os nove municípios poderão beneficiar cada um de um investimento de 800 mil euros para as intervenções nos seus centros históricos.
Esta iniciativa comunitária pretende implementar estratégias comuns transfronteiriças, programas de desenvolvimento e fomentar o aprofundar das relações entre agentes económicos e sociais dos dois lados da fronteira. Deste modo foi apresentado um documento onde se destacam quatro projectos, nomeadamente a prevenção de incêndios nas duas regiões, iniciativa dirigida pela Diputácion de Salamanca; a requalificação de nove centros históricos portugueses e quinze espanhóis, coordenado pela autarquia de Trancoso e pela Diputácion de Salamanca; a promoção e divulgação do turismo, da responsabilidade de Manteigas e de Salamanca; bem como a constituição de uma comunidade de trabalho, objectivo partilhado pelo município de Figueira Castelo Rodrigo e Salamanca, orçado em mais de 400 mil euros. Uma das iniciativas a promover por este “observatório” é a realização do primeiro congresso transfronteiriço de indústria extractiva, um sector com algum peso económico nas duas regiões. Em relação à prevenção dos incêndios, para além da limpeza das áreas florestadas, estão conjecturados estudos técnicos e a disponibilização de equipamentos para os bombeiros. Neste âmbito, destaque para a instalação na Guarda de um Centro de Alarme, que funcionará no quartel dos voluntários da cidade e em ligação permanente com o de Salamanca. O objectivo é reforçar o sistema de comunicação transfronteiriço dos bombeiros e garantir mais qualidade nas transmissões em períodos de maior necessidade.
Para Júlio Sarmento, presidente da Câmara de Trancoso, a grande novidade desta candidatura reside no facto de existir «maior coesão e melhor estrutura entre o nosso país e Espanha». O autarca acredita também que os municípios portugueses envolvidos, nomeadamente Almeida, Pinhel, Guarda, Celorico da Beira, Trancoso, Manteigas, Mêda, Figueira Castelo Rodrigo e Sabugal, estão cada vez «mais unidos». Desta forma, confia que a candidatura venha a ser aprovada, apesar de admitir a hipótese de alguns projectos serem reprovados. Em relação ao montante que envolve este projecto «ambicioso», Sarmento não quis avançar números, mas adianta que deverá «rondar a totalidade da verba disponível por este programa». No caso particular da reabilitação dos centros históricos, iniciativa coordenada por Trancoso, o presidente afirma que a base atinge cerca de 800 mil euros (160 mil contos) para cada município. Contudo, adverte para o facto de cada centro histórico ser um «caso específico», o que pressupõe que a quantia poderá sofrer oscilações consoante as estratégias delineadas. Estão previstas acções de requalificação urbana, intervenção e restauração de monumentos e uma diversificada rede de equipamentos e infraestruturas turísticas, históricas e de lazer.
A decisão final deverá ser conhecida em Junho.