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Bacunine com limão

Extremo Acidental

A cada semana que passa, o mundo teima em ultrapassar esta coluna pela faixa da estultice a uma velocidade muito acima da permitida. Na semana anterior falei (ou melhor, escreveu o Camões) sobre o 10 de Junho, ainda sem saber que um cidadão tinha sido detido na cerimónia das comemorações por ter mandado trabalhar o senhor professor doutor aposentado presidente.

Nota mental: Espero que os leitores mais atentos reparem na forma selectiva como as maiúsculas são usadas neste texto, mas espero também que Agentes (à paisana) da polícia e Procuradores da república tenham assuntos mais importantes para resolver do que estes detalhes semióticos.

Ora, uma coisa é chamar Palhaço ao chefe de Estado, como vários milhões de portugueses já fizeram, ou mesmo mimo, como aqui já escrevi. O que não me parece correcto nem justo e talvez seja mesmo ilegal é mandar trabalhar um homem reformado. Uma atoarda assim só pode ter sido proferida por um facínora ultraneoliberal, que coloca pensionistas no activo com o objectivo de desvalorizar o valor do Trabalho. Por isso estou totalmente solidário com a pena aplicada ao meliante no julgamento sumário que se realizou apesar de não ser permitido à luz do nosso direito. É confortável saber que a Lei é um obstáculo menor quando se trata de defender a honra e a dignidade das pessoas mais desprotegidas, nomeadamente dos velhinhos.

Ainda mais confortável é saber que a lei também pode ser contornada para proteger a Propriedade Privada. Segundo o presidente das estradas de Portugal (confesso que para o último substantivo hesitei entre maiúscula e minúscula), a autoridade tributária (esta sem hesitação) pode vir a cobrar coercivamente as portagens das autoestradas. Se o governo autorizar as repartições de finanças a servir de homem do fraque da ascendi e da scutvias, será que me podem prestar o mesmo serviço e mandar um fiscal pedir o dinheiro de uns Textos que não me pagaram e uma massa que emprestei a um Amigo que nunca mais vi? Eu arranjo os nif’s.

Por: Nuno Amaral Jerónimo

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