Depois de avanços e recuos mais ou menos estratégicos, mais ou menos teatrais e encenados a preceito, eis que finalmente o PSD escolheu o seu candidato à cidade capital de distrito. Finalmente o saco desatou-se e de lá saiu um Álvaro quando se pensava que assomasse um Júlio.
Nada de mais se pensarmos que vários nomes, e não apenas aqueles dois, soavam com insistência na praça pública. Aliás, o nome ora escolhido nem era aquele que mais se ouvia mas, também em política, há mistérios insondáveis… Ou talvez não tanto…
Tenho para mim que a escolha de Amaro para candidato à maior autarquia do distrito é dar de barato a derrota eleitoral. De facto, só assim se pode perceber que a escolha tenha recaído no ainda autarca de Gouveia quando se sabe que algumas candidaturas, entre elas a de Fernando Seara a Lisboa, correm sério risco de não chegar a bom termo.
Ora, depois de tanto tempo, de tantos nomes falados, escolher um candidato que, à partida, tem este ónus de, afinal, não se saber se poderá ou não concorrer parece isso mesmo: desespero. Sim, bem sei que houve já decisões diferentes daquela de Lisboa mas, como diz o outro, “cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”…
Depois, como se não bastasse toda esta embrulhada, o próprio Álvaro Amaro entra a matar afirmando que os guardenses teriam que escolher entre a (sua) experiência e o experimentalismo alheio. Então querem lá ver que este, lá por ser da terra dos doutores, nos vem já com ameaças do tipo do “depois de mim o dilúvio”? Pois bem, cá por mim, serrano orgulhoso dessa condição, pode crer que não me sinto nada amedrontado e veja que, por esses e outros pensamentos que tais, ainda hoje viveríamos a marcelista evolução na continuidade. Felizmente houve por aí uns tipos que, não tendo certamente ouvido as ponderadas declarações de Álvaro Amaro, se decidiram pelo experimentalismo…
Mas esta é apenas uma parte da questão. A outra prende-se com a naturalidade do candidato. Não que o facto de não ter nascido na cidade mais alta seja óbice para ser candidato. Não, não é nada disso. Trata-se é de saber se a autarquia pode ser liderada a partir de Coimbra.
Dizem uns entendidos que sim senhor. Com isto das novas tecnologia os senhores vereadores poderiam estar sempre em contacto com o presidente, por videoconferência por exemplo…
No entanto, há por aí uns outros, maledicentes por certo, que dizem que não. Acrescentam, porém, que o problema está já sanado a contento de todos, Como? Pois, dizem essas más-línguas que o candidato escolheu já os outros quatro primeiros da lista e fê-lo criteriosamente: são todos conimbricenses de gema. Assim sempre podem deslocar-se num só veículo, que isto das portagens está pela hora da morte… Ah, e durante o trajeto sempre podem tratar de assuntos da vida de uns tipos que, mais teimosos que mula velha, não desistem de continuar a viver neste fim de mundo serrano…
Por: Norberto Gonçalves