Se relatar atos perpetrados pela direção dos bombeiros é denegrir a imagem da instituição, o que dizer de quem os pratica.
Apenas mostrei o meu desagrado perante homenagens que deveriam ter tido lugar em casa própria e a leitura que fiz de tão inesperado ato. Julgo conseguir separar uma determinada direção de uma instituição com mais de 50 anos.
A ser verdade, estaria a pôr em causa todo o trabalho e dedicação colocados em prol da manutenção e desenvolvimento dos bombeiros por parte do meu pai, dos meus irmãos e do meu tio, todos eles responsáveis pela minha educação cívica.
Com eles aprendi também que a unicidade existe nos sistemas ditatoriais e unidade existe nos sistemas democráticos. Lembro-lhe que no tempo da ditadura houve uma unicidade político-partidária, um só partido, e a unicidade sindical iniciada principalmente pelo Partido Comunista Português, que provocou o chamado “Verão Quente” em 1975. Em ambos os momentos tive familiares que, pondo em risco a própria vida, sempre se lhe opuseram. Acredito na unidade, porque a pluralidade é o garante da liberdade e da independência.
Sr. presidente, ao permitir esta unicidade retirou independência a uma instituição que deve ser apolítica, não apenas nas palavras, mas também nos atos.
Não mudo a minha opinião sobre o sucedido. Termino este assunto com a consciência tranquila de quem apenas defendeu valores basilares que estão na génese da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Fornos de Algodres.
E disso nunca abdicarei.
Feliciana Menano, Fornos de Algodres