A fotografia está em destaque no Paço da Cultura, na Guarda, com duas exposições de Fernando Marques, também conhecido por “O Formidável”, e de Paes Cardoso.
A primeira, que já esteve patente no Centro Cultural e Social de S. Miguel da Guarda em 2010, mostra como se viveu o 25 de Abril em Coimbra e os acontecimentos posteriores até ao primeiro 1º de maio em liberdade. São imagens de manifestações, onde a felicidade está estampada nos rostos, mas também de alguma tensão em controlos policiais, barricadas na ponte de Santa Clara ou do cerco às instalações da PIDE. O autor, já falecido, foi um dos mais emblemáticos fotógrafos de Coimbra no século passado, a tal ponto que o seu espólio pertence à Imagoteca Municipal da cidade. Cauteleiro de profissão, Fernando Marques (1911-1996) colaborou com vários jornais, nomeadamente o “Diário de Coimbra”, e as suas fotografias são hoje um testemunho histórico do quotidiano da cidade dos estudantes no século XX.
Cedida pela Imagoteca, a exposição, intitulada “Há horas que são de todos”, justifica-se na Guarda por uma das suas netas residir na cidade – trata-se de Cristina Correia, tesoureira da Junta de Freguesia de S. Miguel. De resto, na inauguração na passada sexta-feira, a bisneta, Patrícia Correia, considerou a sua oportunidade, podendo servir de «reflexão para o período conturbado que vivemos». Das multidões de Fernando Marques passa-se para os rostos circunspetos, assustadores até, das imagens sacras expostas em igrejas e museus captadas por António Paes Cardoso. Em “Imaginário”, não há fotografias «de santos todos bonitos, são imagens com algo de mais profundo, em olhares e expressões que reforçam a componente espiritual que transmitem», disse o autor na abertura. Natural da Guarda, Paes Cardoso é licenciado em Medicina pela Universidade do Porto. As exposições podem ser vistas até 11 de maio.