Os relatos de ataques a gado na zona de Almeida foram confirmados por testes de ADN e registos fotográficos efetuados por biólogos do projeto “Life Med-Wolf”, que quer ajudar os criadores a lidar com os lobos.
Os lobos estão de volta ao distrito da Guarda e desta vez há registos fotográficos e testes de ADN que o comprovam. Em Almeida, uma equipa de biólogos do projeto “Life Med-Wolf”, co-financiado pela União Europeia, está no terreno para perceber o que está a acontecer e ajudar os criadores de gado a lidar com a sua presença, recuperando hábitos de coexistência que já se perderam. Tudo para que o lobo ibérico venha para ficar.
«Estão a recolonizar esta zona», acredita Clara Espírito Santo, da Associação Grupo Lobo, que está a entrevistar agricultores, pastores, caçadores, estudantes e habitantes da zona raiana da Beira Interior. O objetivo é aferir a sua opinião e conhecimentos acerca do lobo-ibérico num estudo que será repetido em 2016. A escolha de Almeida para iniciar um projeto que visa promover a presença estável do lobo-ibérico em áreas rurais da Europa Mediterrânica fica a dever-se a relatos de ataques a gado na zona do Espinhal e freguesias vizinhas. Mas não só: «Há pessoas que viram lobos a atravessar a estrada, pelo que se gerou algum alarmismo e receio nestas comunidades. Atualmente, os nossos biólogos estão no campo para saber o que se passa na região, mas ainda não conhecemos bem o panorama real», adianta a assistente do projeto.
No entanto, Clara Espírito Santo confirma que testes de ADN em carcaças de animais mortos supostamente por lobos confirmaram a sua presença. «Alguns deles até foram fotografados graças a câmaras de infra-vermelhos e sensíveis ao movimento», adianta, negando que tenham sido os biólogos a introduzir lobos naquela zona. «Há gente que nos acusa de estarmos a fazer largadas, o que é falso», garante. Além de Almeida, o projeto, que envolve entidades de Portugal e Itália e começou em setembro de 2012, vai decorrer também nos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Guarda, Sabugal e Idanha-a-Nova, já no distrito de Castelo Branco. Uma das medidas previstas para que lobos e humanos possam coexistir nesta região no futuro é entregar cães de gado de raças autóctones aos pastores, que também «serão informados sobre como tratar os cães e lidar com os lobos». Nos «casos mais problemáticos» serão instaladas cercas elétricas, refere Clara Espírito Santo.
A técnica recorda que o lobo é uma espécie portuguesa em vias de extinção e uma das poucas que está protegida por lei em Portugal. «É um predador natural importante para manter o eco-sistema e fazer o controlo de presas em excesso, como as corças e os javalis», acrescenta.
Colóquio em Almeida no sábado
O Grupo Lobo, sediado no Departamento de Biologia Animal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, organiza no sábado, em Almeida, um colóquio sobre “O lobo ibérico na Beira Interior”.
A atividade é promovida em colaboração com a Associação Transumância e Natureza (ATN) e o CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos. Participam vários especialistas que vão dar a conhecer a evolução deste carnívoro na região, sendo ainda apresentado o projeto “Life Med-Wolf”. A sessão decorre durante todo o dia no Centro de Estudos de Arquitetura Militar de Almeida e os interessados podem inscrever-se para a ATN, através do email secretariadoatn@gmail.com ou telefone 271311202.
Luis Martins
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