A semana que passou foi rica em noticias relacionadas com Astronomia, muito por culpa da passagem, prevista, de um asteroide próximo da Terra, e da entrada, imprevista, de um outro na atmosfera terrestre. Estes objetos celestes que orbitam, maioritariamente, entre Marte e Júpiter, estão numa região do Sistema Solar conhecida por “cintura de asteroides”, localizada numa faixa entre as 2,15 e as 3,3 unidades astronómicas (1 unidade astronómica é a distância da Terra ao Sol). No limite interior da cintura, os asteroides levam pouco mais de três anos a orbitar o Sol, enquanto no exterior demoram mais ou menos o dobro do tempo. Existem ainda lacunas conhecidas como lacunas de Kirkwood, que são zonas do espaço onde a gravidade de Júpiter mantém uma densidade baixa de asteroides. Não há estimativas fiáveis do número total de corpos, mas pensa-se que a sua massa combinada seja cerca de um vigésimo da massa da Lua. A cintura de asteroides é muitas vezes mostrada nos filmes como um amontoado caótico de rochas em movimento, com encontrões e choques violentos. E de facto, não há dúvida de que os asteroides colidem, mas a verdade é que a densidade da cintura de asteroides é tão baixa que, se estivéssemos parados sobre um, dificilmente veríamos outro à vista desarmada durante uma vida inteira. A razão é simples: embora haja um grande número de asteroides, também há uma grande quantidade de espaço nessa região.
Em tempos os astrónomos chamavam aos asteroides os parasitas dos céus, mas hoje em dia são menos severos. Já perceberam que estes fragmentos são os vestígios do processo de acreção que deu origem aos planetas há mais de 4600 milhões de anos. O maior asteroide é Ceres, e foi também o primeiro a ser descoberto, em 1801. Tem cerca de mil quilómetros de comprimento. No entanto, a maior parte dos asteroides mede menos de 10 metros. Os asteroides não deram origem a nenhum planeta de grandes dimensões devido à presença de Júpiter, cuja gravidade age sobre eles impedindo-os de se unirem.
Quando os asteroides deixam esta cintura e entram na atmosfera terrestre, ganham uma nova vida e consequentemente um novo nome. Nome esse que muitas é confundido. Os termos meteoros e meteoritos são muitas vezes baralhados como o termo meteoróides. De facto, todos designam uma manifestação do mesmo objeto; os diferentes nomes distinguem apenas a maneira com é visto. Os meteoróides são fragmentos de asteroides, muitas vezes do tamanho de um grão de areia, que existem por toda a parte do sistema solar. Quando estes objetos entram na nossa atmosfera, volatilizam-se e deixam atrás um rasto luminoso. Passam então a ser designados por meteoros ou estrelas cadentes. Por fim, se não se dissipar inteiramente na atmosfera da Terra, atinge o solo, caso em que é designado por meteorito. Se a velocidade de impacto for baixa, o meteorito sobrevive.
Depois desta primeira parte onde se procurou enquadrar os asteroides e os diferentes nomes que ganham, na próxima edição o foco vai estar apontado para os dois objetos que concentraram a atenção de muitos astrónomos nos últimos dias.
Por: António Costa