Possivelmente muitas pessoas estão misturadas nos mesmos partidos por equívoco, desejos inconfessáveis, vontades que nada têm a ver com a política. Assim é possível que a tormenta seja apenas uma clarificação. A coerência cega dos comunistas também foi sendo abalada em roturas e cisões. No Partido Socialista há muitas ideias divergentes que correspondem a ideários diferentes e possivelmente há quem devia estar com os comunistas, outros no PSD ou no CDS.
O problema está mesmo em que direita e esquerda esbatem-se e a posição filosófica centra-se agora nos fundamentos de que sustentabilidade para o Estado Social, que direitos de distribuição para os cidadãos e que mecanismos de trazer provimento ao Estado. Temos uma indefinição do ideário como pilar da crise dos partidos, se me faço entender.
Nunca os cidadãos pagaram tantos impostos e foram tão atacados na sua iniciativa privada (política completamente anti-liberal), nunca o apoio aos monopólios bancários foi tão musculado com a chegada de gente da Goldman Sachs e do BPN e do BCP ao poder. Isto também não tem nada de liberal – é política de interesse monopolista. Assim, temos um discurso social em Adriano Moreira, Nogueira Pinto, Bagão Felix, que deixa à direita alguns populistas no PSD e PS. Ou seja, estamos em pleno reviralho político, redefinindo os partidos e as ideologias. O Porto está para o PSD como o debate Costa/Seguro está para o PS. A indefinição do espírito da lei das candidaturas autárquicas (temporal ou territorial) é já risível e de causar vergonha. O palco da teatralidade vai recolocar as peças do tabuleiro e nesta perspetiva valia a pena discutir de modo quente e aberto. Rui Rio tem algo em comum com Passos Coelho? Salgado Zenha rever-se-ia neste PS? Há unidade possível entre Costa e Seguro?
Por: Diogo Cabrita