Sempre atenta a novos mercados, a Adega da Covilhã está a produzir um vinho exclusivo para o britânico Royal Automobile Club. Para já, são 2.800 as garrafas de “mulled wine” (vinho quente) que a cooperativa está a preparar, sendo que o objetivo no futuro é reforçar a quantidade.
Este vinho, que se deve servir «semi-aquecido» e, de preferência, como «aperitivo ou digestivo», é «muito usado nas estâncias de esqui da Europa e pelo mundo», explica o “cellar master” (responsável pela Adega) do RAC. Trata-se de um “néctar” «adocicado», cuja receita é criada na base de um vinho tinto «com 12 a 13 graus» e que leva especiarias como anis, cravinho e canela, o que faz com que haja uma «combinação de frutas e aromas». André Martins indica que a sua receita leva uma «fortificação de vinho do Porto», bem como gin «feito com base de ameixas». O “mulled wine” produzido na Covilhã vai ser engarrafado e ficar armazenado durante nove meses – em abril será transportado para Inglaterra – para envelhecer antes de ser disponibilizado apenas aos membros daquele distinto clube, já que esta produção é «exclusiva» e não vai estar à venda para o público em geral.
O especialista explica que o RAC tem feito “mulled wine” nas suas instalações, mas o clube «não tem capacidade de engarrafamento, pasteurização e conservação», sendo que na Adega da Covilhã se faz «de tudo isto um produto». André Martins, que na semana passada esteve na Covilhã para dirigir e comandar toda a operação, explica que foi feito um teste «deixando algum vinho do ano passado para este e tornou-se muito melhor», até porque «a incorporação das especiarias com as frutas deu-lhe um balanço que entendemos que tem pernas para andar», daí ter surgido a oportunidade da Adega produzir uma média de 2.800 garrafas «como experiência». Contudo, «se tudo correr de acordo com o desejado, para o ano estaremos cá outra vez e assim sucessivamente, porque o RAC inglês tem 16 mil membros espalhados pelo mundo inteiro, a quem o vinho será disponibilizado em setembro», adianta o “cellar master”.
A Lusowest, importador exclusivo para o Reino Unido da Adega da Covilhã, foi a empresa responsável por o RAC britânico ter optado por uma cooperativa da região para a «experiência-piloto» de produzir pela primeira vez em Portugal o seu “mulled wine”. Augusto Pires explica a escolha pelo «potencial que tem» a Adega da Covilhã e também pela «postura e abertura que o seu presidente teve para com este projeto e também pelo conhecimento que o seu enólogo tem», sendo que não haverá outras adegas portuguesas envolvidas por «uma questão ética». De resto, é a Adega da Covilhã que vai produzir «futuramente» para a Lusowest uma receita própria também de André Martins para depois ser vendida no mercado nacional, mas também em «todo o mercado mundial com especial interesse no norte da Europa, como Alemanha, Noruega e Finlândia».
Por sua vez, o presidente da Adega da Covilhã não esconde que a produção do “mulled wine” para «um clube de referência inglês» é uma «aposta interessante» naquela que é «mais uma experiência nova», até porque a cooperativa está «sempre aberta a todas as possibilidades de apresentar novos vinhos». Matos Soares acredita que esta produção particular irá «correr bem» e poderá ser «uma forma de nos dar visibilidade no Reino Unido, onde temos um importador que está a vender alguns vinhos» e esta é «mais uma forma de estarmos presentes nos mercados internacionais que nos interessa». Também Carlos Neves, enólogo da cooperativa, acolheu «muito bem» a produção do novo vinho, pois «já estamos habituados a desafios difíceis», recordando que a Adega da Covilhã também produz vinho “kosher”, que é «muito mais complicado do que este». Na sua opinião, este novo projeto confirma que «procuramos sempre coisas diferentes que nos distingam um bocado do resto das adegas».
Ricardo Cordeiro