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Identificada espécie de cogumelos que envenenou casal da Torre

Especialista da Direção Regional de Agricultura do Centro alerta para o aumento de “falsos frades” nos campos da região e para a sua perigosidade

A ingestão de “falsos frades”, cujo nome científico é Macreopeliota Venata, terá causado a morte de uma mulher na freguesia da Torre (Sabugal) e a hospitalização do marido, em novembro último. A revelação foi feita a O INTERIOR pelo especialista Gravito Henriques, que investigou o sucedido e confirmou a existência de uma espécie venenosa de cogumelos.

O engenheiro agrónomo da DRAP Centro (Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro), um dos mais reputados especialistas em micologia na região, diz tratar-se de «uma espécie tóxica pouco conhecida, com chapéu muito semelhante ao Macropeliota Procera (frade), mas com pé liso, claro, curto e grosso, cuja carne avermelha ao corte». As aparências terão confundido casal da Torre, que também não terá prestado atenção à sua cor quando cozinhada. Gravito Henriques, que inquiriu o marido da falecida e recolheu exemplares no terreno, sublinha que este cogumelos venenosos aparecem muitas vezes unidos «a outros exemplares pelo pé», sendo mais frequentes em áreas «sujeitas a pastoreio ou perto dos currais do gado».

Trata-se de uma espécie «pouca estudada», que tem aparecido com alguma frequência devido a «outonos mais quentes» na região. Para o especialista, os Macropeliota Venata representam um perigo sobretudo pela «pouca atenção dada às caraterísticas», a que acresce o «desconhecimento da generalidade das pessoas» e o uso de «métodos vulgares de confirmação da comestibilidade – alho e objetos em prata». O engenheiro agrónomo adianta que a situação verificada na Torre não foi um caso isolado, já que estes cogumelos têm «provocado intoxicações» noutras zonas da região e do país, podendo resultar em situações mais graves «por falta de assistência atempada», avisa.

Contudo, esta espécie pode ainda vir a surgir em maior número nos campos, pois há «mudanças no clima favoráveis ao seu aumento», alerta Gravito Henriques, cuja análise aos “falsos frades” está disponível em www.drapc.min-agricultura.pt/base/documentos/mproceravenenatafinal.pdf. Ali são enunciados alguns cuidados a ter na apanha, conservação e consumo, bem como «as caraterísticas distintas das duas espécies passíveis de confusão, revela.

Sara Quelhas O Macropeliota Venata (à direita) foi confundido com o cogumelo frade

Identificada espécie de cogumelos que
        envenenou casal da Torre

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