O Governo pediu um estudo ao FMI para preparar um corte de 4.000 milhões na despesa pública, uma vez que o Orçamento para o ano de 2013 se traduz num “enorme aumento de impostos” pela via da receita, que se presume impossível de atingir.
É claro que os técnicos do FMI concluíram aquilo que os economistas do Governo e os técnicos em geral já sabiam, há muito, assim como os políticos e o senhor Presidente da República. O FMI recomenda, tecnicamente, um corte de 20 por cento nos salários dos funcionários públicos porque não precisa de votos. O Governo, em vez de adotar a medida do FMI, parece inclinar-se para o despedimento de 50 mil funcionários públicos! Se vier a ser verdade, o Governo continua a enganar os portugueses e a querer fazer de conta! Certamente, à espera de um milagre…
Todos sabemos, mesmo sem formação económica, que esta medida continua a proteger os mais favorecidos em desfavor dos funcionários públicos, sem meios, nem recursos para se defenderem, porventura, os mais necessários aos serviços que deles dependem. Os funcionários a despedir serão sempre os que não “têm padrinhos”, os indefesos, os mais velhos, que serão aposentados ou indemnizados… Um erro gravíssimo porque o Governo, em vez de poupar na despesa pública, vai continuar a pagar a funcionários que deixam de trabalhar, seja pela via da aposentação, seja pela via da indemnização. Não vai poupar coisa nenhuma ou muito pouco, agravando o desemprego, a miséria social, criando ainda mais desigualdades e revolta social.
Enquanto uns continuam a trabalhar com altos salários, outros, são despedidos, ficando sem salário nenhum. Ora, um corte de 20 por cento ou outro qualquer, todos ficam com emprego e todos são obrigados a gerir melhor os seus orçamentos familiares, aprendendo a melhorar a produtividade doméstica. É que viver com menos salário, consegue-se… Viver sem nenhum…, é impossível, cria revolta, crime e drama social.
Não é difícil concluir que um corte de 20 por cento nos salários dos funcionários públicos, atingiria também os políticos e os altos salários das profissões corporativas, mas para tomar uma medida destas é preciso ter coragem e o apoio do maior partido da oposição (PS), o que não acontece. Continuamos no “faz de conta”… à espera do tal milagre!
Teodoro Farias, Figueira de Castelo Rodrigo