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Guardense regressa a casa pela “mão” do TMG

A guardense Ana Estevão, que vive há seis anos na Argentina, apresenta amanhã no Teatro Municipal da Guarda dois monólogos do Prémio Nobel da Literatura Dario Fo e da esposa Franca Rame. A atriz pertence ao grupo de teatro independente do Centro Cultural LyF, em Martinez (Buenos Aires).

Ana Estevão traz consigo duas mulheres desesperadas, que sobem ao palco para exteriorizar as angústias e dúvidas em relação ao futuro. A comunicação com o público é uma necessidade, numa partilha que confunde a ficção e a realidade, com recursos desde o humor à simbiose entre texto e imagem. Este espetáculo esteve em cena no Circuito Experimental de Teatro de Aveiro, com “sala cheia” por duas vezes. A «falar sozinha» sob o olhar atento da plateia, Ana Estevão apresenta “O acordar” e “Eu, Ulrike, Grito”, ambos com a duração de 20 minutos – o primeiro para todo o público e o segundo para maiores de 15 anos. No primeiro, a atriz recria uma “tragicomédia” que esconde, entre piadas e “disparates”, a tragédia quotidiana de uma mulher que se enfrenta a si mesma. Num duelo entre a esposa-mãe e a trabalhadora, a peça questiona os espetadores, levando-os a refletir sobre a rotina.

Já o segundo monólogo “recupera” a jornalista, escritora, ativista e guerrilheira alemã Ulrike Meinhof (1934-1976), fundadora e integrante da organização armada de extrema-esquerda Fração do Exército Vermelhas – o grupo Baader-Meinhof que aterrorizou a Alemanha no início da década de 70 do século passado. A revolta contra «um estado fascista» levou Ulrike a ser presa em junho de 1972, tendo depois falecido na prisão de Stammheim (Estugarda). A sua morte – por suicídio ou assassinato – é ainda hoje alvo de controvérsias. A peça promove a reflexão, dando voz a uma mulher presa, que defende os seus direitos e critica o sistema capitalista e o consumismo, bem como «o papel dos estados modernos» em relação a estes ideais.

Ana Estevão dá “vida” a uma mãe-trabalhadora e a Ulrike Meinhof em dois monólogos

Guardense regressa a casa pela “mão” do TMG

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