O lago do Parque Urbano do Rio Diz, na Guarda, foi esvaziado no final da semana passada para uma ação de limpeza sem que fossem acuatelados os peixes ali existentes. Consequentemente, o espelho de água apresentava na quinta-feira um panorama desolador, com dezenas de peixes mortos ou em agonia.
O caso originou «várias denúncias» durante esse dia «através da Linha SOS Ambiente e Território», adiantou a O INTERIOR Pedro Gonçalves, adjunto da secção de operações do Comando Territorial da Guarda da GNR. «Recebemos algumas chamadas dando conta da existência de vários peixes mortos no lago, tendo os factos denunciados sido averiguados na manhã do dia seguinte» por uma equipa do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) que se deslocou ao local, referiu o oficial. Os militares verificaram que «o nível da água estava um pouco abaixo do normal» e que havia ainda «uma quantidade assinalável de peixes mortos», pelo que o SEPNA «procurou uma justificação» junto dos serviços da Câmara Municipal. «Apurámos que estaria a ser feita uma operação de limpeza no lago, tendo a morte dos peixes sido causada pelo abaixamento do nível da água e consequente falta de oxigénio», continuou Pedro Gonçalves.
A GNR está a investigar o caso, mas o responsável revela que «os primeiros indícios» apontam para a existência do crime de dano contra a natureza. «Avançámos de imediato com a elaboração de um auto de notícia por crime para o Ministério Público», disse Pedro Gonçalves, embora «ainda seja cedo para saber quem o cometeu, ou a que título foi cometido». O Parque Urbano é gerido pela autarquia, cujo vereador Gonçalo Amaral, com os pelouros da limpeza e qualidade de vida, disse que «não era suposto haver peixes no lago», tendo estes sido ali «introduzidos por alguém». O autarca esclareceu que o esvaziamento do espelho de água se ficou a dever a uma «necessidade de manutenção e de limpeza», acrescentando que «a comporta foi fechada assim que se notou a presença dos peixes».
Gonçalo Amaral afirmou ainda que «os peixes de maior porte conseguiram fugir na corrente» e que «não morreu peixe quase nenhum», embora as imagens recolhidas por O INTERIOR no local demonstrem o contrário. O vereador confirmou também que os elementos do SEPNA «ouviram alguns técnicos da autarquia», mas garantiu que o município «tinha todas as autorizações solicitadas». Por outro lado, recordou que o Rio Diz está classificado como ribeiro temporal, ou seja, «nem sempre tem água e está seco no verão» e que por isso «não tem fauna em abundância», sendo que os peixes encontrados no lago – carpas, supostamente – «não são típicos da região». Apesar disso, o vereador garantiu que numa próxima descarga será tida em conta a existência de peixes no lago.
Fábio Gomes