O presidente do Conselho Geral da Universidade da Beira Interior (UBI) continua a aguardar um parecer da tutela sobre a situação do presidente da Associação Académica poder ou não assumir funções naquele órgão. A cerimónia de tomada de posse dos conselheiros eleitos realizou-se a 22 de novembro, mas Pedro Bernardo foi impedido de assumir o lugar que conquistou nas urnas, sendo que os restantes quatro estudantes também não tomaram posse em solidariedade com o colega.
Por causa deste impasse, ainda não ocorreu a cooptação dos oito membros externos e, caso a decisão do Ministério não seja célere, também o processo de eleição do novo reitor poderá vir a sofrer atrasos. O presidente do CG indicou a O INTERIOR que está a «aguardar a resposta da tutela à reclamação» de Pedro Bernardo, explicando que foi pedido um primeiro parecer ao Ministério, o que «levou a que não tenha dado posse» ao presidente da AAUBI por se entender que este, por inerência, tem lugar no Senado da UBI. Posteriormente, o estudante «reclamou do facto de não lhe ter dado posse (na sequência das instruções da tutela) e apresentou um parecer jurídico para justificar a sua reclamação», adiantou Carlos Salema. Cabe agora à tutela esclarecer a situação. Por isso, diz não saber quando será tomada a decisão final e o CG entrará definitivamente em funções, mas espera que o assunto «possa ser resolvido muito rapidamente».
O professor reconhece que este impasse «está a atrasar o normal funcionamento» do CG, recordando que «já deviam ter sido cooptados os membros externos e eleitos os novos presidente e vice-presidente». O ainda responsável pelo órgão máximo de gestão da UBI entende «que não faz sentido» a cooptação dos membros externos ocorrer «sem a participação dos estudantes eleitos» e, de resto, esta foi a opinião «unânime dos membros (docentes e funcionário) já empossados». Assim, Carlos Salema não afasta a hipótese das eleições para a Reitoria – que deveriam decorrer em junho do próximo ano – sofrerem atrasos: «Se a reclamação do aluno Pedro Bernardo for resolvida rapidamente, digamos até ao final de 2012 (ou pouco depois), as eleições para reitor poderão não ter qualquer atraso significativo», sublinhou o presidente do CG.
Processo «não é nada gratificante para a instituição», diz Pedro Bernardo
Por seu turno, o presidente da AAUBI recorda que uma situação semelhante se passou também na Universidade do Minho e que o dirigente daquela associação académica pôde assumir funções. «Há um parecer da pró-reitora da instituição minhota que diz claramente que não há qualquer tipo de incompatibilidade», refere. Pedro Bernardo garante que esteve sempre disponível para prestar «todos os esclarecimentos» e frisa que «a suposta incompatibilidade» foi solucionada com a representação, através de outro elemento, no caso o vice-presidente, da AAUBI, no Senado. De resto, o aluno de Engenharia Civil sublinha que a associação académica é «muito mais do que o presidente» e acredita que «uma decisão negativa vai pôr em causa as decisões que foram tomadas em Conselhos Gerais nos últimos quatro anos». Pedro Bernardo sublinha mesmo que a sua eleição para o CG é demonstrativa da «vontade dos estudantes», considerando que os resultados foram «expressivos e conclusivos».
O dirigente lamenta que o processo se esteja «a arrastar» e adverte que «não é nada gratificante para a instituição, especialmente por limitarem a vontade dos estudantes». Nesse sentido, espera que «tudo fique clarificado rapidamente», considerando que, «neste momento, a questão da tomada de posse é um mero pró-forma porque os resultados já foram homologados pela UBI». O que o estudante lamenta é que as eleições para o CG se tenham tornado numas «primárias para a eleição do reitor», assegurando não ter ainda decidido qual o putativo candidato que poderá apoiar: «Ainda ninguém apresentou propostas. A posição dos estudantes é que temos que ver quais são as propostas para depois tomarmos uma decisão. Não é porque se é mais amigo ou se é mais conhecido, não tem nada a ver com isso», sublinha.
Ricardo Cordeiro