A sucessão dos dias e das noites, no tal movimento perpétuo, vai-nos conduzindo ao fim de mais um ano. O da graça de 2012.
Pela sucessão dos números naturais, e não por influência de um qualquer ministro, presidente ou outro “coiso”, suceder-se-á o ano de 2013… O da maior miséria, fome e pobreza que alguma vez a nossa democracia terá registado.
Quem duvida consulte todas as previsões, sejam elas emanadas dos tecnocratas de Bruxelas, OCDE ou do Banco de Portugal, ou da análise cuidada de um Orçamento de Estado, dito de sítio, só para citar alguns.
E lá está escrito e apontado, em livro de merceeiro, que as condições sociais – já de si paupérrimas no momento atual – vão piorar e de que maneira. Mais e mais falências, mais e mais desemprego, mais e mais desigualdades financeiras, mais e mais cidadãos sem possibilidade de ter uma saúde condigna, mais e mais jovens em abandono escolar, mais e mais portugueses a caírem no submundo da iliteracia tão a gosto dos mandantes, o ostracismo de largas faixas da população no que à valorização pessoal e profissional diz respeito, mais e mais uma justiça feita à medida dos poderosos. Em suma, a queda abrupta num mundo de obscurantismo, sem direitos e, pior, sem possibilidade de os reivindicar. E, no fim de tudo, o estado policial!
Tudo o que acabámos de enunciar é apenas a ponta de um icebergue que se prepara para nos atirar definitivamente ao fundo. Mas, alguém pode imaginar que as medidas agora anunciadas por um governo hipócrita, tenham outro qualquer resultado que o afundanço de um país e, principalmente, de um povo?
Quem pode admitir que os reformados venham a pagar a fatura dos ROUBOS que se foram consumando neste país sem que os seus causadores tivessem sofrido a mais pequena das beliscaduras?
Quem?
Quem pode admitir que um cidadão com uma reforma de miséria, de 200 ou 300 euros, veja o seu subsídio de Natal distribuído pelos 12 meses?
Quem pode admitir tal ROUBO???
Quem pode admitir que um cidadão veja a sua reforma amputada – nalguns casos chegará aos 40% – quando esse mesmo cidadão contratualizou com o ESTADO, dito pessoa de bem, um determinado valor para essa mesma reforma?
Quem o pode admitir?
REVOLTA E INDIGNAÇÃO é o que sentimos e manifestamo-lo.
Sim, tenho o direito a indignar-me e a revoltar-me… um direito adquirido mas que ninguém ousará quartar-mo! NINGUÉM, PERCEBIDO?
Quem pode admitir que o salário mínimo nacional, dados os sucessivos cortes, caia para valores que são, tão somente, abaixo dos limites da sobrevivência de um ser humano?
Sim, o povo português não é algo abstrato! Somos mais que números. Somos cidadãos que dispensam a austeridade com afetos, por muito importantes que sejam noutros contextos! Exigimos que o Presidente da República dispa, de uma vez por todas, a farda partidária e atue em defesa dos cidadãos que diz representar.
Afinal de contas foi para isso que foi eleito.
Em coerência, nem seria necessário o envio do Orçamento de Estado para o Tribunal Constitucional. O veto político bastaria se, em Belém, estivesse sentado o verdadeiro provedor do povo português e não um mero senador laranja, responsável número um pelo estado a que isto chegou.
O país atravessa já momentos de muita e muita dificuldade.
Mas os exemplos de despesismo existem e nada nem ninguém os pode desmentir.
“Boys” que são nomeados à farta para a Segurança Social e Centros de Emprego. Comissões, grupos de trabalho e…, para piorar a «coisa», lembrar que Portugal ocupa o 33º lugar a nível mundial no que à corrupção diz respeito.
Grande trabalho… O “senador” António Borges chamou-lhe «ajustamento da economia»! Rico ajustamento.
E que dizer, por exemplo, do bolo que um (des)governo vai dando aos colégios particulares? São somas astronómicas, segundo os últimos dados conhecidos, ultrapassam já os 83 milhões de euros enquanto nas escolas públicas tudo, mas tudo, falta. Ficou-se a saber, inclusive, que cá pela Guarda já há crianças a passar frio pelo facto de o aquecimento ser desligado antes do final das atividades. Isto para já não falar da fome, sim da fome, que já alastra nas escolas.
Os vários responsáveis deviam ter cuidado com o que se vai dando a comer às crianças do concelho da Guarda no almoço escolar, dado que, para muitas, é a única refeição que realizam. E, manifestamente, arroz com ovos mexidos não é almoço que se sirva a crianças, sabendo nós dos graves problemas alimentares que já vão existindo em muitas famílias portuguesas.
Nós estamos atentos. Denunciaremos sempre o que lemos, ouvimos e vemos. Como, por exemplo, a denúncia que numa residência de estudantes, na Guarda, da alçada da Direção Regional de Educação do Centro, organismo do Ministério da Educação, foram pura e simplesmente cortadas todas as comunicações com a instituição. Nem telefone, nem fax, nem Internet… Nada! Quem quiser fazer encomendas para a residência fá-lo a expensas próprias.
Mas sobre esta residência muito mais será desmascarado em tempo útil e oportuno. Algo que fará corar muito serviçal – administrativo, judicial e policial. Para outros tempos…..
Quem não esperou pelos tempos foi um Paulinho Portas, que, na sua fixação de abominar tudo o que lhe cheire a 25 de abril, vai de abolir, por decreto, a obrigatoriedade de feriado nas embaixadas, missões bilaterais e serviços consulares portugueses.
A isto chama-se vingança. Pode um Paulinho vingar-se do que quiser e como quiser só que nada, nem ninguém, dirá que não houve neste país um 25 de abril, contra a vontade de muitos dos democratas papagaios e de aviário que hoje mandam “bitaites”.
Houve, sim senhor… Eu participei nele com a vontade de mudar. Podem dizer que ouvimos mal, que somos uns imbecis que não percebemos o que nos dizem… Mas que houve 25 de abril, HOUVE!
Só houve um senão, é que revolução neste país, infelizmente, só houve uma: a de 1383!
Infelizmente.
Por: Jorge Noutel
* Deputado na Assembleia Municipal da Guarda eleito pelo Bloco de Esquerda