A Polícia Judiciária (PJ) da Guarda deteve o vice-reitor do Seminário Menor do Fundão por suspeita de abuso sexual de crianças e de menores dependentes. É a primeira detenção de um padre católico por crimes deste género em Portugal. Presente a tribunal na passada sexta-feira, o sacerdote ficou em prisão domiciliária, com pulseira eletrónica, a aguardar o desenrolar do processo, encontrando-se desde domingo em casa dos pais, em S. Romão (Seia).
Luís Campos Mendes, de 37 anos, está indiciado por «meia dúzia» de crimes de abuso sexual, adiantou a O INTERIOR fonte da PJ. Nas buscas efetuadas à sua residência foi-lhe apreendido o computador, entre outros objetos pessoais. O caso foi denunciado pelas alegadas vítimas no passado dia 5, algumas das quais se deslocaram à Judiciária da Guarda acompanhadas dos pais. Supostamente, os abusos terão ocorrido no Seminário, que os menores frequentam, mas outros alunos já foram também ouvidos pela PJ. O suspeito é padre desde 2001, tendo-se notabilizado em atividades ligadas aos jovens e à música, e era vice-reitor do Seminário Menor do Fundão, frequentado por 17 alunos, há dois meses. A Diocese da Guarda reagiu à detenção no sábado, adiantando, em comunicado, que teve conhecimento da investigação no dia 5 e que se dispôs a colaborar «imediatamente» com a PJ.
A Diocese acrescentou que deu ordem «para que fossem abertas as portas do Seminário aos agentes da investigação» e afirmou ter confiança nos tribunais civis porque são «pessoas de bem e instrumentos necessários para a regulação da vida social». No comunicado, refere-se também que «esta não é a primeira vez que instituições desta Diocese são investigadas». Entretanto, no domingo, o bispo da Guarda reuniu-se com os pais e alunos do Seminário, que lhe terão manifestado «total confiança no serviço prestado» pela instituição, que está «a funcionar normalmente e os alunos estão nas aulas como habitualmente», informou a Diocese no início desta semana.
Após a reunião com os familiares dos alunos, D. Manuel Felício «visitou o padre Luís Campos Mendes que se encontra em casa de familiares», adiantou o mesmo comunicado. As investigações prosseguem, tendo sido ouvidos antigos alunos e funcionários do Seminário para se tentar apurar a existência de mais casos de abusos.
Durante esta semana, o juiz encarregue do processo vai ouvir as vítimas numa audição para memória futura de forma a evitar que tenham de voltar a depor em tribunal, caso o padre Luís Campos Mendes seja levado a julgamento.