O Politécnico da Guarda é a mais importante instituição do distrito. Se dúvidas houvesse, elas são agora dissipadas pelos resultados de um estudo que conferem ao IPG um impacto económico de 25 milhões de euros no distrito da Guarda em 2011. De acordo com os dados agora revelados por Constantino Rei, presidente do IPG, por cada euro gasto pelo Estado no financiamento da instituição, esta gera mais de dois euros de atividade económica. Ou seja, o financiamento público é claramente reproduzido com ganhos para a região – nas empresas e no desenvolvimento das cidades (Guarda e Seia). Segundo o mesmo estudo, cerca de 10 por cento da população ativa do distrito da Guarda exerce uma atividade profissional atribuída à presença do IPG. E os graduados pelo Politécnico terão um impacto de aproximadamente 13 milhões de euros na Guarda e de quase três milhões em Seia.
Como é evidente, a relevância do IPG na cidade e região é extraordinária e este estudo só confirma o óbvio. Mas, apesar de óbvio, tem havido muita gente que por distração ou cegueira não sabe, não percebe ou não quer perceber a dimensão social, económica e cultural que o IPG tem. Estranhamente, muitas vezes a comunidade, e em especial os políticos, tem estado demasiado distante da mais importante alavanca de desenvolvimento regional. A Guarda, sem o IPG, estaria condenada a um definhar ainda mais vertiginoso e célere – e mesmo com o Politécnico veja-se o vazio em que a cidade desaguou.
Também se pode dizer o oposto, isto é, que a instituição ao longo dos anos esteve muitas vezes de costas voltadas para a comunidade, para a cidade e os interesses da região – e a verdade é que se estranha a falta de presença de académicos na vida social e cultural da cidade; raramente se veem professores ou alunos a participar na vida da urbe…
Durante anos as guerras de poder, os conflitos internos, o caciquismo, o amiguismo, a intriga e os interesses de alguns sobrepuseram-se ao interesse da instituição. Foram anos de conflito e altercação que contribuíram para deteriorar o desenvolvimento da academia, vergastando o seu prestígio e impedindo o seu crescimento – num tempo em que havia alunos para todas as escolas e os demais politécnicos duplicavam o número de alunos, o Politécnico da Guarda penitenciava-se no seu clima de instabilidade e guerrilha, sem crescer. Felizmente, esse tempo pertence ao passado. E de tal forma foi enterrado que num tempo em que há escassez de alunos, e os que há têm cada vez mais vagas no litoral, o IPG consegue em contraciclo resistir e garantir um nível razoável de ingressos de alunos (e se observarmos apenas este ano letivo, encontraremos resultados muito mais interessantes e positivos do que noutros politécnicos, em contraste com o que acontecia em anos anteriores). E cresce também a sua dinâmica científica e de investigação.
Se é verdade que as instituições de ensino superior são vitais para o desenvolvimento do país, são-no por maioria de razão para o interior: as universidades e politécnicos são centros de saber e investigação e são também polos geradores de riqueza e progresso inigualável. É assim com o IPG na Guarda; é assim com a UBI na Covilhã.
Declaração de interesses: Colaborei com a presidência do IPG, no primeiro semestre de 2012, na construção de uma nova estratégia de comunicação (com participação na elaboração de um novo plano de comunicação), na conceptualização da nova imagem atual e mais atrativa, na redefinição de uma estratégia pública dinâmica e ambiciosa, dando opiniões e sugestões – da criação de um claim, “Voar mais alto”, passando por diversas sugestões, nomeadamente a de apostar na criação de cursos de mandarim (língua mais falada na China), economia chinesa ou estudos orientais – que não foi considerada. Entretanto, outras universidades e escolas já apostaram nesta área (nalguns dos colégios mais caros de Lisboa o mandarim passou a ser língua obrigatória. Em S. João da Madeira, a Câmara decidiu em outubro introduzir o mandarim em todas as escolas do primeiro ciclo, a partir do 3º ano, e quer abrir turmas bilíngues para ensino de chinês até ao 12º).
Luis Baptista-Martins