Há frio nos jardins-de-infância e nas escolas do ensino básico da Guarda, onde as baixas temperaturas são o “pão nosso de cada dia” nesta altura do ano. O que não era habitual até aqui era os sistemas de aquecimento destes estabelecimentos serem ligados mais tarde e desligados mais cedo todos os dias, deixando alunos e professores a tiritar de frio. O motivo desta mudança está na política de contenção de custos implementada pela autarquia, que gere os estabelecimentos do primeiro ciclo.
O caso foi denunciado pelos pais de alunos da Santa Zita e Augusto Gil, mas a situação também se repete em mais escolas da cidade apurou O INTERIOR. «Nem queria acreditar quando o meu filho me disse que tinha frio na sala de aulas, mas depois fui confirmar na escola e soube que o aquecimento é desligado automaticamente por volta das 14 horas para poupar», disse uma mãe, que pediu para não ser identificada. «Fiquei chocada e revoltada, porque o meu filho tem atividades de enriquecimento curricular (AEC) até às 17h45 e passa o resto da tarde com frio», acrescenta. Apesar disso, a encarregada de educação confessa que não pediu explicações à Câmara nem reclamou junto do Agrupamento de Escolas da Área Urbana da Guarda. Outro pai não compreende as opções do município. «Há dinheiro para aquilo que querem, mas para isso cortam no que é essencial, que é o bem-estar das crianças. Não percebo estas decisões, acho que lhes devíamos apresentar as faturas da farmácia», afirma, dizendo que tenciona falar do assunto numa próxima reunião de pais.
Nos jardins-de-infância o cenário repete-se e foi mesmo confirmado em Alfarazes por Isabel Rato, da direção do Agrupamento, numa recente visita. «A sala estava um gelo», recorda, acrescentando que as crianças ficam nas salas até às 19 horas nalguns casos. A responsável adianta que, na altura, uma professora lhe disse que «os funcionários da autarquia vieram regular o temporizador para desligar o aquecimento às 14 horas». Confirmou também que o assunto não é da responsabilidade do Agrupamento, que tem tido conhecimento da situação «informalmente» através de professores e auxiliares, não tendo havido «até agora» queixas dos pais. Confrontado com estes casos, o vereador da Educação na autarquia começou por dizer que desconhecia que o aquecimento estava a ser desligado ao princípio da tarde. «Ouvi uns boatos, mas não tenho informação sobre isso. Vou ver o que se passa e atuar em conformidade», disse Virgílio Bento a O INTERIOR anteontem de manhã.
À tarde, o também vice-presidente do município confirmou que, «nalgumas escolas, o aquecimento está a ser ligado às 9 horas e desligado às 15, o que não pode ser. Já dei ordens para que fossem ligados mais cedo e desligados de acordo com os horários de funcionamento de jardins-de-infância e escolas do primeiro ciclo do ensino básico». Virgílio Bento adiantou ainda que a Câmara está a fazer «um esforço enorme de redução de custos em todas as áreas», mas ressalvou que isso «não pode por em causa o conforto das crianças, que aguentam muito menos que os adultos as temperaturas mais frias». O vereador disse não saber quando a situação ficará totalmente normalizada, reiterando apenas que «as ordens estão dadas, espero que sejam cumpridas o mais rapidamente possível».
Luis Martins
Comentários dos nossos leitores | ||||
---|---|---|---|---|
|
||||
|
||||
|
||||