Comentei há já várias semanas a chuva de candidatos à câmara da Guarda, chuva que poderia ser engrossada por autarcas vindos de outras paragens, onde estariam impossibilitados de cumprir um quarto mandato. Na altura havia dúvidas sobre a interpretação correcta da lei mas agora, havendo-as ainda, temos a opinião com peso prático decisivo da Comissão Nacional de Eleições, no sentido de autorizar os autarcas que tenham atingido três mandatos consecutivos num sítio a tentarem um quarto noutro.
Haverá depois mesmo assim, juro-o, dezenas de processos judiciais, ou tantos quantos os candidatos “emigrantes” eleitos, que a Comissão Nacional de Eleições não tem poder legislativo e há muito que se ganhou o hábito de prosseguir a política nos tribunais.
Mesmo sem esses, não faltam candidatos e pré-candidatos à câmara da Guarda. Joaquim Valente não vai ser e limitou a sua disponibilidade à Assembleia da República, reduzindo por ora os possíveis nomes do PS a Virgílio Bento e José Martins Igreja. Em 4 de Dezembro, data limite da apresentação de propostas, saberemos quem disputará as primárias socialistas.
No PSD a coisa parece bem mais animada e promete prolongar-se mais no tempo. Parecia que Manuel Rodrigues era o nome definitivo mas há já quem discorde e, “secretamente”, almoça-se. João Prata tem-se movimentado e Ana Manso parece acreditar que a sua demissão da administração da ULS se destinou a boicotar as suas próprias ambições autárquicas. Mas não vamos esquecer a sua combatividade e que foi ela quem esteve mais perto de ganhar a câmara ao PS. Também Àlvaro Amaro fez já prova de vida, para o que der e vier, assim como Júlio Sarmento. Suponho que os “grupos de reflexão” criados para aferir da elegibilidade destes e de outros candidatos a candidatos tenham chegado a conclusões, mas não esqueçamos que os órgãos nacionais do partido podem impor um nome, sobretudo quando as estruturas locais mostrarem não se ter entendido sobre o assunto e à falta de umas eleições primárias onde pudesse ser dada a palavra aos militantes.
Quem vai ganhar? Não sei. Posso é ir adiantando que alguém vai perder. Iremos confrontar o balanço da governação socialista na Guarda com o balanço da governação de Passos Coelho no país, pelo que a luta vai ser apertada. Ironias à parte, não esqueçamos que podem ainda surgir listas de cidadãos e já se anuncia uma, encabeçada por Baltazar Lopes. Haverá vuvuzelas!
O que eu gostaria de ver? Um combate eleitoral entre José Igreja e Manuel Rodrigues. Não haveria golpes baixos, não teríamos a linguagem de pau da política a dominar a campanha e estaria assegurada alguma renovação. Teríamos ainda a vantagem de ter à frente da câmara alguém que conhece muito bem a região, não dependeu até aqui da política para fazer uma carreira e que pode trazer soluções novas para os nossos velhos problemas.
Por: António Ferreira
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