Depois de se conhecer a intenção do Turismo de Portugal de vender o antigo Hotel Turismo da Guarda, que adquiriu à Câmara há apenas ano e meio, os dirigentes locais do PSD, CDS e CDU ouvidos por O INTERIOR lamentam a decisão e responsabilizam a autarquia pela situação. Já o presidente da concelhia do PS aponta o dedo ao atual governo.
Para Nuno Almeida, é «triste que um projeto que vinha ajudar ao desenvolvimento da Guarda acabe por ficar na gaveta com a chegada do PSD ao Governo». O socialista lamenta que o projeto acordado entre a Câmara e o Turismo de Portugal «não vá para a frente» e entende que, «não havendo intenção por parte do Governo» em investir, é «preferível que o imóvel seja mesmo vendido» para «não ficar a degradar-se». Em relação à proposta mais alta que a autarquia terá rejeitado na altura, Nuno Almeida diz que «não comenta boatos», afirmando ter conhecimento de que «havia um grupo de empresários interessados em investir», mas que «nunca avançaram com uma proposta concreta».
Manuel Rodrigues, líder do PSD guardense, também lamenta o possível regresso do Hotel Turismo ao mercado e limita-se a afirmar que «qualquer solução que reabilite o hotel e o coloque novamente ao serviço da Guarda é melhor do que aquela que a autarquia permitiu que acontecesse, e que acabou por levar a esta situação». Por seu turno, Aires Diniz, da CDU, refere que na altura votou favoravelmente a venda do Hotel Turismo «perante o projeto apresentado» e por considerar que a autarquia «não tinha capacidade para o gerir». Perante a intenção de venda, o comunista diz «compreender» a opção do Turismo de Portugal e considera que a não concretização da escola de hotelaria anunciada resulta do «descalabro financeiro do país operado pela “troika” interna», referindo-se a PS, PSD e CDS.
Contudo, para o deputado municipal a Câmara «terá a obrigação de solucionar o problema», garantindo que o assunto vai ser abordado na próxima Assembleia Municipal. «Até lá, a autarquia tem tempo para pensar na situação», sugere. Já Henrique Monteiro, presidente da concelhia do CDS, recorda que o negócio se lhe afigurou «incompreensível» quando foi fechado por ter sido feito com uma entidade «sem vocação para explorar unidades hoteleiras» e porque «se diz ter havido uma proposta mais alta e acabou por se vender por um valor inferior». O centrista considera que o Hotel Turismo «faz falta ao centro da cidade», lembrando que «quem vier à Guarda e se quiser hospedar em unidades com pelo menos três estrelas tem de ir para a periferia, o que é inconcebível». De resto, Henrique Monteiro responsabiliza «quem fez o negócio» pelo que vier a acontecer ao edifício, dizendo que este desfecho «já era previsto há algum tempo», tendo o CDS «proposto em Assembleia Municipal a recompra do hotel» por parte da autarquia. Entretanto, a Câmara da Guarda, confrontada por O INTERIOR, informou ter já oficiado o Turismo de Portugal sobre a intenção de venda, mas que até agora não obteve qualquer resposta.
Fábio Gomes