P – Vila Nova de Foz Côa recebe, este fim-de-semana, o I Festival do Vinho do Douro Superior. Quais os principais objetivos desta iniciativa?
R – Os objetivos são, por um lado, divulgar e promover um dos produtos de excelência que temos aqui, que é o vinho. A par de outros, mas podemos dizer que o vinho está no primeiro patamar de excelência dos nossos produtos. E, por outro lado, com este certame queremos divulgar também Foz Côa, o concelho, a região e trazer turistas e mais gente para este interior, que ele precisa é de gente. Vamos ter várias atividades no certame, além dos colóquios e animação, teremos quatro concursos, uma prova cega em que todos os expositores podem concorrer e com especialistas, enólogos e gente ligada ao setor. Vamos ter ainda três provas comentadas para o público, e já está praticamente esgotado o número de pessoas para assistir a estas provas comentadas – uma de brancos, outra de tintos e outra de vinhos do Porto. É uma forma de fazer com que os visitantes e expositores possam ter uma participação efetiva, além de poderem provar em todos os stands as várias marcas expostas. Penso que é um festival bastante completo, não é só um festival do vinho em si, e destaco ainda as visitas às quintas para jornalistas e especialistas, que é uma atividade que já fazemos ao longo do ano através de almoços nas várias quintas para promover esta região. A “Revista de Vinhos” está a ajudar-nos na realização deste festival, pelo que também queremos dar um cunho bastante profissional, fazendo uma iniciativa a sério e nada menor. Queremos não só realçar o aspeto do vinho, mas também dar-lhe um ar de festa, um ar popular, que envolva toda a população, para que possa vir a ser um evento marcante desta região.
P – Qual a importância do setor vinícola na economia do concelho?
R – O nosso concelho é predominantemente agrícola e, dentro da agricultura, distinguimos as três principais produções, que são o vinho, o azeite e a amêndoa. Mas, em termos de valor de retorno e de valor acrescentado, não tenho dúvida nenhuma que o vinho é o de maior importância. Aqui nesta região, e concretamente no concelho de Foz Côa, temos das marcas mais conceituadas do país e diria mesmo do mundo. Penso que seria uma lacuna muito grande o nosso concelho não ter um certame condigno com a excelência do produto. Não só o vinho de mesa, os brancos e os tintos, mas também o vinho generoso, mais comummente conhecido como vinho do Porto.
P – De que forma esta mesma importância se reflete em termos de receitas e de criação de riqueza?
R – Em termos de criação de riqueza, considerando os três produtos agrícolas de que falei, o vinho do Porto e o vinho do Douro Superior são, de longe, os que têm maior valor acrescentado. Temos dezenas de produtores engarrafadores, neste momento temos duas cooperativas – já tivemos três – a laborar. É um setor de que vivem os nossos produtores e nós, ao fazermos este primeiro Festival de Vinho, queremos não só promover esse produto, mas também trazer gente e divulgar as outras belezas e os patrimónios que temos no concelho. Agora, em termos de atividade mais lucrativa do município, não tenho dúvida nenhuma que o vinho está em primeiro lugar.
P – Foz Côa tem aproveitado esta área para chamar pessoas ao nível do turismo e desenvolvimento local?
R – Não tem aproveitado como deve ser, daí a realização deste festival, porque entendemos que, com um evento desta natureza, podemos captar muitos visitantes. Esse é um dos objetivos deste primeiro Festival do Vinho, precisamente porque sabemos a importância que tem no desenvolvimento de toda esta região. Temos este produto de excelente qualidade, e esta feira com a atividade e a animação que também vai ter… Portanto, queremos fazer deste festival, como temos feito de outros festivais, um elemento que nos permita trazer ao concelho de Foz Côa o maior número de pessoas possível. Estou convencido que o sucesso, assim espero, vai contribuir muito para um maior desenvolvimento deste concelho. Eu diria que a aposta está ganha. O que nós pretendemos com este festival, acima de tudo, é que seja uma afirmação de identidade do concelho, que é o vinho, é o património, é a amendoeira em flor, são as gravuras rupestres. Que este conjunto possa ser um pacote que se possa “vender” e que promova e dignifique este concelho e o interior, até porque o interior bem necessita destas atividades.
P – Já há resultados efetivos no turismo?
R – O festival tem este ano a primeira edição e espero que seja uma semente que no futuro dê bons resultados, e que germine por forma a podermos ter aqui muito mais gente. Não obstante, mesmo sem ser de uma forma organizada, de promoção de festas ou de festivais de vinho, temos também em Foz Côa, há muito tempo, um turismo associado ao vinho e às várias quintas emblemáticas aqui situadas, como o Vesúvio, Ervamoira e Vale Meão. Já há muita gente que se desloca à região para almoçar numa destas quintas, para desfrutar das suas paisagens e provar e comprar o seu vinho. O que queremos precisamente com este festival é potenciar o valor que o vinho pode representar, e estou certo que no futuro irá ter uma quota-parte ainda maior no turismo local. A acrescentar a isso, por exemplo, vamos ter cá também, no domingo, o programa de tarde da TVI… E então temos estado a tentar alugar aqui quartos e, só devido ao festival do vinho, temos os hotéis, residenciais, turismo de habitação, tudo superlotado. Por aqui se vê que é uma das razões pela qual nós enveredamos para esta realização, que estou certo que, além de promover o vinho, traz muita gente a este concelho.
P – Que outras iniciativas podem vir a ser desenvolvidas para promover este vinho e/ou assinalar a sua importância?
R – Há uma série de atividades que podem estar ligadas para a promoção do vinho, tanto as visitas que já se fazem, como as festas, por exemplo, na altura das vindimas nas cooperativas. Em Freixo de Numão, ainda há pouco se fez um encontro de caravanistas, onde o objetivo era mesmo pisarem as uvas. Portanto, há uma série de atividades que o município e as associações locais já promovem, mas queremos fazer com que este festival seja o culminar de toda essa promoção dos vinhos. Mas é evidente que ao longo do ano há várias atividades que também têm como objetivo a promoção e a divulgação deste produto, que é um produto excecional.
P – O novo Centro de Exposições de Vila Nova de Foz Côa vai ser inaugurado formalmente com este evento. Por que é que esta obra demorou nove anos a ser finalizada?
R – Isso teria de ser perguntado ao meu antecessor… A obra foi feita por duas fases, a primeira em sete, oito anos talvez, era eu então vereador. Não sei porque o anterior executivo não mexeu neste investimento, mas entretanto houve mudanças na Câmara e uma das coisas que fiz quando tomei posse foi arranjar a candidatura para concluir o Centro de Exposições, que já era o nome que tinha. Consegui uma candidatura, concorri à bolsa de mérito da Comunidade Intermunicipal e hoje é uma realidade. Mas não por que demorou tanto tempo, acho que foi um erro e perderam-se estes anos todos. Só agora pudemos, por exemplo, fazer este festival, que era uma das promessas no meu programa eleitoral. Era para ter sido feito logo no primeiro ou segundo ano, mas infelizmente não o fizemos porque não tínhamos instalações condignas. Da minha parte foi sempre uma das prioridades e, neste momento, está concluído e temos de olhar é para o futuro.
P – A que iniciativas se destina?
R – Contamos que no próximo ano possamos realizar a segunda edição do Festival do Vinho e outras. Ainda há um mês ali realizámos a festa da juventude. Além disso, pode ainda ser considerado um “ninho de empresas”, pois vai acolher a sede da Associação Comercial e Industrial de Foz Côa. Também podem acolher outros eventos e exposições, como, por exemplo, a exposição de produtos como o vinho ou o azeite e outras atividades da região. Acho que é preciso olhar para o futuro e tentar rentabilizar esta estrutura, que muito dignifica o concelho de Foz Côa.