As condições climatéricas fizeram temer um mau ano em termos de produção vitivinícola, mas numa altura em que a época de vindimas está quase a terminar, os responsáveis de algumas adegas da região fazem um balanço positivo da campanha e falam num bom ano vitivinícola.
Na Adega Cooperativa de Pinhel, o presidente refere que «está tudo a correr melhor que o esperado» e revê em baixa as perdas estimadas para este ano. «Depois da tempestade de granizo no início de setembro, estimámos que a quebra na produção seria de 35 por cento, mas fazendo uma atualização penso que se cifrará nos 20 por cento», frisa Agostinho Monteiro. Ainda assim, os prejuízos são inferiores aos do ano passado, que «ficou marcado pelo míldio, algo que felizmente não existiu este ano», diz o responsável. Contudo, Agostinho Monteiro afirma que «as uvas estão abaixo das expetativas em termos de grau e cor». Até ao final da campanha, que está marcado para dia 22, o responsável espera ultrapassar os 12 milhões de quilos de uvas recebidos, para uma produção de vinho estimada em nove milhões de litros. Um número que podia ser superior e aproximar-se da produção normal de 17 milhões «se não fosse a pedra, mas sobretudo a seca», reconhece Agostinho Monteiro. O responsável destaca ainda a importância das chuvas recentes para a «melhoria da qualidade e quantidade das uvas», e acredita que 2012 será «um ano de bons vinhos».
Em Figueira de Castelo Rodrigo, Joaquim Romano, um dos diretores da Adega Cooperativa local, identifica também «uma ligeira quebra» da produção, na ordem dos 20 por cento, e que «dá seguimento a uma diminuição gradual que se verifica de ano para ano». O responsável culpa «o escaldão e a seca», e afirma que a quebra só não é mais acentuada devido às últimas chuvas, que «vieram salvar a produção e dar uma ajuda preciosa». Além disso, a precipitação veio causar um «desdobramento natural dos açúcares das uvas, que estavam estagnados», pelo que este ano «pode ser inferior em termos quantitativos, mas é certamente superior em termos qualitativos», revela Joaquim Romano. «Temos excelentes uvas, e vamos produzir excelentes vinhos», conclui o responsável.
Em Vila Franca das Naves, a Cooperativa Beira Serra espera uma produção superior à de 2011. «Só no último fim-de-semana recebemos um milhão de quilos de uvas», revela a presidente Josefina Araújo, acrescentando que espera «chegar aos quatro milhões» até ao final da campanha. A responsável dá conta de uvas «em bom estado sanitário mas com menos grau», sobretudo devido à seca, que «afetou a maturação» do fruto. Ainda assim, Josefina Araújo faz uma «avaliação positiva» do ano vitivinícola e acredita na produção de vinhos «de muito boa qualidade».
Na Covilhã, a campanha já terminou e o presidente da Adega Cooperativa local, Francisco Matos Soares, refere que a colheita deste ano «foi muito superior» à de 2011. A adega covilhanense recebeu 800 toneladas de uvas, uma quantidade idêntica à de há dois anos, mas que supera as 300 recebidas no ano passado, um valor que se ficou a dever a «problemas sanitários como o míldio», revela Matos Soares. Em face da produção deste ano, o presidente da cooperativa espera uma produção de 600 mil litros de «bom vinho», devido à «excelente qualidade» das uvas recebidas, que «podia ser ainda mais elevada se tivesse chovido mais cedo». À semelhança do seu homólogo de Pinhel, o presidente da Adega da Covilhã mostra-se preocupado com o facto de nem todos os sócios entregarem as suas uvas, mas reconhece que «quanto a isso nada pode ser feito».
Fábio Gomes