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Egiquímica lança-se no mercado marroquino

Empresa de detergentes da Guarda deverá começar este mês a exportar produtos para Marrocos e planeia também investir em Moçambique

A Egiquímica, empresa de detergentes e produtos de limpeza sediada no Parque Industrial da Guarda, prepara-se para apostar no mercado marroquino. Fausto Tavares, sócio gerente da empresa, revelou a O INTERIOR que os negócios com este país do norte de África deverão principiar ainda durante este mês.

O empresário esclarece que, para já, a Egiquímica irá trabalhar numa vertente «puramente comercial», e apenas com empresas de limpeza e com o setor da restauração e hotelaria. «Não vamos diretamente ao público e trabalharemos só com distribuidores, pois não conhecendo o mercado é muito mais fácil para nós chegar ao cliente final desta forma», declara Fausto Tavares, salientando que «vamos ter menos clientes, mas a comprar mais quantidades». O centro de distribuição da empresa guardense ficará estabelecido na cidade de Kenitra, a norte da capital Rabat e a cerca de um milhar de quilómetros da Guarda.

As expetativas para esta «aventura num mercado muçulmano» são «muito boas», de acordo com Fausto Tavares. «Pelo que já analisámos deste mercado, nos seus costumes e consumos, julgamos que tem potencial para evoluir, e estando lá no começo da evolução é sempre mais fácil», acredita o gerente da empresa. «Vamos explorar um setor que já lá existe, mas no qual temos mais experiência e como vamos apostar apenas na parte comercial, os custos serão muito mais reduzidos, pelo que não temos nada a perder», acrescenta o responsável.

Para Fausto Tavares, o principal objetivo deste investimento em Marrocos é «fugir da Europa». «Portugal está neste momento a decrescer na área dos detergentes, com o mercado da restauração a consumir cada vez menos», refere o empresário, acrescentando que «perante esta perspetiva, ou vamos para fora ou morremos aqui». O gerente sublinha que «exportar para a Europa é ir um pouco ao encontro de problemas, pois para além de nós já lá há milhares», e que por isso optou por África, que oferece «a vantagem de estar aqui ao lado e de os países estarem em crescimento», para além dos acordos com a União Europeia, que permitem «quase não pagar taxas».

Para além de Marrocos, a Egiquímica está também a «ponderar a possibilidade de investir em Moçambique», adiantou Fausto Tavares. A concretizar-se este projeto, a empresa guardense teria de avançar para a instalação de uma unidade de produção, pois «por estarmos muito longe não poderíamos apostar apenas na distribuição», sendo que o posicionamento no mercado seria também distinto, «mais virado para o público», diz o responsável. O objetivo passaria pela aplicação de uma dinâmica vertical de produzir, distribuir e vender, mas «de forma muito gradual, pois é um mercado que não conhecemos», explica Fausto Tavares. A Egiquímica enviaria as matérias-primas, pelo facto de a sua obtenção naquela zona «não ser fácil», ficando a fábrica localizada no norte do país.

A Egiquímica exporta também para o mercado espanhol, possuindo um armazém de distribuição e uma sede em Salamanca. Contudo, Fausto Tavares revela que as vendas são «muito reduzidas» e mostra-se «um pouco desanimado» com este mercado. «Entrámos em Espanha há três anos, num período mau, e a crise ainda veio agravar mais as coisas, para além de que a Espanha é muito forte na área dos detergentes», diz o responsável. «Não é que não estejamos a ter sucesso, mas não é na proporção que esperávamos», refere o empresário, enaltecendo, no entanto, que «o mercado espanhol continua a ser uma aposta válida».

A Egiquímica produz, por ano, cerca de 400 mil toneladas de detergentes e produtos de higiene e limpeza, para uso nos sectores hoteleiro, institucional e industrial, e está certificada ao nível da qualidade e do ambiente. A empresa dispõe de um moderno laboratório próprio destinado à investigação e desenvolvimento, que representa um investimento de 200 mil euros, bem como de uma frota de quatro camiões e vários veículos de distribuição. Em laboração desde 1998, a Egiquímica emprega atualmente 27 trabalhadores e tem uma faturação anual na ordem dos dois milhões de euros.

Fim das isenções custará 40 mil euros por ano à Egiquímica

O fim das isenções nas antigas SCUT é algo que preocupa Fausto Tavares. O empresário contava, antes de ser conhecido o novo regime de descontos, que a partir deste mês, «um camião que vá da Guarda para Lisboa paga perto de 50 euros», pagando novamente esse valor no regresso, «o que dá aproximadamente 100 euros por viagem». Como a viagem é feita duas vezes por semana, «os custos elevam-se para 200 euros, e se considerarmos que trabalhamos 50 semanas por ano, estamos a falar de um valor a rondar os 10 mil euros, e sendo quatro camiões, é só multiplicar», continua Fausto Tavares. São 40 mil euros anuais que representam «muito dinheiro» para a empresa e o responsável diz que «vai ser muito complicado, porque não temos margens para suportar estes custos». O aumento de preços está «fora de questão», apesar do aumento das matérias-primas, pelo que o empresário não vê outra alternativa que não seja «imputar os custos à margem de lucro».

A localização da Guarda é, por isso, «um problema» para a Egiquímica. «Estar nesta região é, neste momento, uma menos valia para qualquer empresa, pois estamos longe de tudo e com um peso de interioridade muito grande», afirma Fausto Tavares. Para o empresário, havia antes «a vantagem de estarmos localizados junto a duas autoestradas», mas considera que «isso transformou-se noutra desvantagem, pois representa custos acrescidos». Este fator, aliado aos impostos e a uma «política sem bom senso», faz com que Fausto Tavares «não coloque de parte» a possibilidade de mudar a sede da empresa para Salamanca.

Fábio Gomes Egiquímica emprega atualmente 27 trabalhadores e fatura cerca de dois milhões de euros por ano

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