Passava pouco das 12h45 da passada sexta-feira quando Matos Viegas, administrador delegado da Scutivas, e Maria Manuel Costa, Governadora Civil de Castelo Branco, accionaram o botão para a abertura ao trânsito do segundo túnel da Gardunha. Um acto simbólico concretizado no Centro de Controlo de Tráfego da Lardosa, em Castelo Branco, que, apesar da ausência do ministro das Obras Públicas, Carmona Rodrigues, deixou o administrador da concessionária da A23 «muito satisfeito». É que para além da região ficar servida por uma «boa estrada», a A23, que começou a ser construída em 1999, ficou pronta por 600 milhões de euros e «dentro dos prazos contratuais», sublinha Matos Viegas.
Com uma extensão de 1,6 quilómetros e duas faixas de rodagem em cada sentido, a nova galeria custou cerca de 50 milhões de euros e será paralela ao túnel que está em funcionamento desde 1997. Para além de possibilitar um maior descongestionamento do tráfego com os 80 quilómetros de velocidade permitida – ao invés dos 60 anteriores –, o novo túnel proporciona ainda maior segurança aos automobilistas graças aos mais «modernos» sistemas automáticos de vigilância e apoio, com 20 câmaras de vigilância (18 interiores e duas exteriores, várias ventilações, galerias de comunicação (uma para veículos e quatro para peões) e bocas-de-incêndio. Sistemas de controlo e de vigilância supervisionados sistematicamente em todo o traçado durante os 365 dias do ano por uma equipa da Sctuvias no Centro de Controlo de Tráfego do Centro de Assistência e Manutenção (CAM) da Lardosa, o que implica «um controlo a todos os níveis» ao longo dos 178 quilómetros de auto-estrada entre Abrantes e a Guarda, salienta Mário João Ribeiro, responsável pela unidade.
Um trabalho que envolve cerca de 80 pessoas e 124 câmaras de vigilância na via, 70 das quais se encontram nos túneis. Tudo para controlar ao pormenor um tráfego que ainda «está abaixo das expectativas», mas que deverá, ao que tudo indica, exceder em breve os 15 mil veículos diários em cada sentido. «Durante o primeiro semestre deste ano estávamos com 65 por cento do tráfego esperado. Nesta altura, andamos entre os 85 e os 90 por cento. A taxa de crescimento tem sido maior do que a prevista», reforça Matos Viegas, para quem a A23 é «a mais segura» das auto-estradas portuguesas, apontando aos condutores a responsabilidade dos «poucos acidentes» que se registaram na via.
Aproveitar as valências da A23 é o objectivo
De resto, ficam por concluir as áreas de serviço da Guarda, Fundão e Vila Velha de Ródão. Até ao momento, apenas as áreas de serviço de Castelo Branco e de Abrantes estão a funcionar, embora só esta esteja completa em termos de abastecimento e restauração. As restantes ainda esperam a aprovação do projecto para serem construídas, pelo que só o abastecimento de combustível deverá estar «quase» garantido em 2004. Desbloqueado está já a sinalização turística e cultural na A23, esperando-se que «durante o primeiro semestre» do próximo ano a auto-estrada possa receber painéis informativos sobre os monumentos e locais de interesse, de forma a atrair os turistas do Euro 2004 para visitar e permanecer na região. Uma proposta que a Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) apresentou à concessionária no início do ano.
Para a Governadora Civil de Castelo Branco, Maria Manuel Costa, a A23 poderá trazer mais benefícios para a região do que prejuízos. Basta que todos os intervenientes regionais «saibam implantar as dinâmicas de mudança que este eixo proporciona», referiu, designadamente pela «atracção de investimento nas áreas industriais e comerciais e pela libertação da forte polarização comercial e de serviços exercida pelas áreas metropolitanas de Coimbra e Lisboa», reforçou. Maria Manuel Costa defende ainda que as vilas e aldeias da região se transformem em locais de «acolhimento», à semelhança do modelo francês “Villages Étapes”. «Isso constituiria uma forte opção turística potenciada pela A23, que seria um meio de atracção e não o contrário. É esse o meu voto», concluiu.
Liliana Correia