Com um nome sugestivo (e uma capa a condizer), Bons na Cama revela-se uma surpresa, na medida em que esta obra não é o relato de inúmeras “proezas horizontais”, como poderíamos ser levados a supor. O primeiro romance de Jennifer Weiner conta, na primeira pessoa, a história de Cannie Shapiro. E quem é Cannie? Uma jornalista de vinte e oito anos, contente com o seu trabalho e conformada com a sua vida, família e amigos. Até ao dia em que descobre que o seu ex-namorado, Bruce, passou o ser o cronista de uma revista feminina de grande tiragem na América, intitulando-se esta crónica Bons na Cama (daí o título do livro). Cannie fica em estado de choque quando descobre ter sido escolhida como assunto principal da crónica desse mês, sugestivamente denominada “Uma Mulher de Peso”.
Acompanhamos ao longo do livro a reacção de Cannie a este artigo, e a forma como terá de alterar a percepção que tem de si e de como os outros a vêem, já que é forçada a reconhecer que o facto de ter alguns quilos a mais do que aquilo que é considerado politicamente correcto faz dela, para a maioria das pessoas, uma gorda, com todos os problemas que daí advêm.
No entanto, esta obra é menos sobre problemas e mais acerca de soluções para os mesmos. A crónica escrita por Bruce vai ser o catalizador de inúmeras peripécias e dificuldades, as quais Cannie enfrenta recorrendo a uma arma que lhe permite ultrapassar quase todos os obstáculos com que se depara (ou que se deparam com ela…): um sentido de humor extremamente apurado!
Ao lermos algumas das entrevistas feitas a Jennifer Weiner, a autora, apercebemo-nos de que esta e a personagem principal, Cannie, têm bastante em comum, sendo a veia cómica algo sem dúvida partilhado. De facto, quando questionada acerca das razões que a levaram a começar a escrever Bons na Cama, a autora exclama, entre risos, que foi principalmente o desejo de se vingar de um namorado que a deixou, embora deixe claro que, embora partilhe com Cannie a sua profissão e o desgosto de ter sido abandonada por alguém, o resto da história não é auto-biográfica. É a própria autora que confessa ter tido de cortar mais de cem páginas ao seu manuscrito original, e mesmo assim entende que a obra sofre do “síndroma do primeiro livro”, onde se tenta colocar tudo o que alguma vez já se pensou escrever.
E chegamos assim aos dois (pequenos) defeitos de Bons na Cama: Por um lado, algumas passagens revelam-se demasiado extensas, algo que poderia ser ultrapassado caso certas personagens secundárias, periféricas quiçá, fossem eliminadas, já que não contribuem para o fio narrativo, não estando suficientemente aprofundadas. Por outro lado, a improbabilidade de alguns episódios, roçando o inverosímil, retira alguma qualidade à obra. Não obstante estas diminutas falhas, Bons na Cama constitui uma leitura extremamente agradável e divertida, pelo que se recomenda vivamente.
Por: Rita Arala Chaves