De há muito que ouvimos pelas esquinas da cidade vozes que se elevam contra o facto de a Guarda ser apenas notícia quando ela, a notícia, é negativa.
Não sei se por contágio, mas o que é verdade é que também agora o Partido Socialista da Guarda é notícia nacional e não pelas melhores razões… E tal deve-se, numa análise obviamente subjetiva, a atitudes do atual elenco federativo em nada condizentes com os valores que levaram um grupo de pessoas a fundar o Partido, na Alemanha, num tempo em que por cá era pecado falar contradizendo. Ora por estas bandas parece que o tempo parou. As atitudes de quem gere uma entidade política que, só por isso, deveria ser participativa e participada, dialogante, aberta a todos, são, e têm sido nos últimos anos, a antítese de tudo isso.
A Radio Altitude anunciava insistentemente para a passada terça feira, dia doze, um debate entre os dois candidatos à Federação Distrital da Guarda do PS. Ora aí estava a oportunidade para poder ouvir a troca de ideias, aquilatar de qual o candidato que melhor poderia corporizar as ideias com que me identifico. Pois bem, segundo informação veiculada pela rádio, um dos candidatos anunciou, à última hora, que não, que não estaria presente, que não aceitava debates.
Neste ponto fiquei de boca aberta. Então e agora? Como haveria de tomar uma atitude consciente e esclarecida no ato eleitoral que se avizinhava? Como haveria eu de exercer o direito que me assiste de escolher aquele que, em consciência, considerasse mais capaz?
Assisti pois a uma entrevista, como o próprio moderador fez questão de frisar mais de uma vez. Uma entrevista na qual, aliás, o candidato Fonseca Ferreira avançou com várias ideias para o distrito, assumindo que elas, as ideias defendidas, eram a razão da sua candidatura.
Do outro lado o ruído do silêncio. Ensurdecedor. Caótico. Anacrónico para quem quer liderar uma equipa, por familiar que seja, e impor as suas ideias, os seus pontos de vista. Claro que parto do princípio que eles, as ideias e os pontos de vista, existam… Sem querer pensei alto neste último aspeto e do lado, de chofre, logo me perguntaram se ainda acreditava no Pai Natal…
Estava eu neste quebra-cabeças de tentar escolher o meu candidato, quando, passados uns dias, poucos, ao visitar o meu correio eletrónico afinal percebi a razão do silêncio e da ausência do atual líder federativo em debates públicos. Afinal ele preferia entupir-me o mail com mensagens e mais mensagens do mais fino recorte literário e da mais evidente objetividade, ao tempo que demonstrava a sua completa antipatia pelo culto da personalidade e pelo narcisismo.
Apenas uns meros exemplos para que conste e não caiam em saco roto tão sagazes opiniões. Sob o título “ Celorico da Beira encantou” afirma-se que o candidato que é oriundo daquela vila “…emocionou-se nesta bela tarde de Junho, quer pela quantidade de pessoas que ocorreram à apresentação, quer também pelos elogios que lhe foram feitos pelos anteriores oradores.” Bem, se como se afirma, ocorreram, então foi uma ocorrência já ocorrida à qual, claro, mantendo o tempo verbal, acorreram… Ou não?… Mas a cereja no topo do bolo fica para o português escorreito que é patenteado no texto. Vejamos: a páginas tantas afirma-se, utilizando a primeira pessoa que “Quem pensou em me derrubar pela difamação e mal decência…”. Não, não é lapso deste vosso escriba. Está lá preto no branco: “mal decência”. Assim mesmo. Seria de ir às lágrimas se não fosse tão trágico que alguém que assim escreve tenha a pretensão (ou presunção?…) de ser líder do que quer que seja…
Por tudo isto, e pelo muito mais que ficou por dizer, só tenho mesmo uma hipótese de ficar a bem com a minha consciência quando for o dia de votar. É evidente o porquê, não?…
É que eu sou do Benfica porque sim, mas sou filiado no Partido Socialista porque me identifico com os seus valores e ideais mais profundos…
Por: Norberto Gonçalves