Desenhos, pinturas, colagens, peças e pequenas esculturas são o mundo de Mário Cesariny que se pode ver na Guarda até 29 de julho na exposição “Visto a esta luz”, patente na galeria de arte do TMG.
A porta para o mundo surreal e subversivo do artista falecido em 2006 abriu-se no passado sábado, num dos acontecimentos culturais mais importantes do ano proporcionados pelo Teatro Municipal e pela Fundação Cupertino de Miranda. Considerado o principal representante do surrealismo em Portugal, Mário Cesariny encarnou até aos seus últimos dias esta maneira revolucionária de entender e de viver a vida. Nesta exposição é possível contextualizar a sua obra artística que é marcada pela espontaneidade e a subversão, mas também por uma dimensão mágica e onírica com forte predomínio da cor e da desordem. O “non-sense”, o absurdo e a experimentação são outras características da palete de Cesariny, que aderiu ao neo-realismo no final da década de 30 do século passado, movimento de que se desligou em 1946. No ano seguinte conheceu André Breton, “pai” do surrealismo, e participa na fundação do Grupo Surrealista de Lisboa, do qual se afasta em 48 para criar o grupo “Os Surrealistas” com o qual faz a primeira exposição desta tendência artística.
«Continua a ser necessário apresentar publicamente a história da intervenção surrealista em Portugal, lembrar mais uma vez os nomes e as obras e o sentido não só estético, senão também moral, ético e político da aventura daqueles argonautas que lutaram por pintar de mil cores o gris metálico da vida e da cultura portuguesa dos anos da ditadura salazarista», refere António Gonçalves, comissário da exposição, na apresentação da mostra. Na inauguração, o vereador Virgílio Bento revelou que a Culturguarda e as empresas municipais que gerem o Centro Cultural de Vila Flor (Guimarães) e o Teatro Maria Matos (Lisboa) solicitaram uma audiência na Comissão do Poder Local, na Assembleia da República, para transmitir «a importância que estas entidades de cultura têm nas suas comunidades, mas sobretudo para alertar os deputados para as consequências do seu fecho por causa do reequilíbrio das contas públicas. Se isso acontecer, serão as pessoas dessas regiões que vão perder», disse.