Por Luís Salvador Fernandes*
Aproximando-se o fim de mais um ano letivo, cabe-nos fazer um pequeno balanço da atividade da Associação de Pais e Encarregados de Educação.
Este ano a APEE teve eleições e com elas um renovado elenco diretivo. Não sendo fácil conciliar a vida privada com a profissional, mais difícil se torna encontrar tempo para as atividades associativas e, quando o encontramos, temos momentos de frustração, ao ver que, na maior parte das situações, estamos sós, sem o envolvimento dos restantes pais, que na maior parte das vezes, nem sabem, nem querem saber, os pormenores da atividade da sua associação.
Pautámos a nossa atividade por uma grande proximidade com a escola, a sua direção, as suas atividades e os seus problemas, mantendo, no entanto, a conveniente e aconselhável independência, intervindo sempre e quando entendemos poder contribuir para as soluções de problemas ou quando nos foi pedido para colaborar na tomada de decisões que consideramos de grande relevância para a vida da escola.
Fomos sempre solidários com a escola; compreendemos as limitações económicas e financeiras que impediram a conclusão das obras, nomeadamente as do polidesportivo que continuam a aguardar por melhores dias; contribuímos ativamente para tomadas de posição que em tudo dignificaram a escola, manifestando, inequivocamente, a vontade de contribuir para construir soluções para a melhoria da qualidade do ensino no concelho da Guarda. Julgamos assim ter cumprido a nossa obrigação dentro da escola.
Fora dela, outras situações houve em que fomos o motor para a busca de soluções ativas de problemáticas complexas, como foi o caso da iniciativa que tomámos de envolver várias entidades no sentido de, em conjunto, resolvermos os problemas relacionados com a alegada venda e o manifesto consumo de substâncias ilícitas nas imediações da escola.
Neste caso concreto, registamos com muita satisfação o visível incremento de policiamento naquela zona, sinal de que as nossas preocupações sensibilizaram as autoridades policiais, o que agradecemos. Já é com alguma tristeza que constatamos que nada se alterou na gestão de um espaço público que se situa a poucos metros dos portões da escola, propriedade da Câmara da Guarda e onde não houve sequer um pequeno sinal de boa vontade para alterar fosse o que fosse que pudesse vir a aumentar a confiança dos pais.
O próximo ano letivo vai ser marcado por decisões que têm mais que ver com atos de gestão do que com soluções para o aumento de qualidade no ensino. É o caso da criação dos chamados mega-agrupamentos, soluções ditadas por leis feitas à medida das grandes cidades, numa ótica puramente economicista, cega para as questões da qualidade do ensino e, muito em especial, desapropriadas para aplicação em cidades desta dimensão. Soluções impostas, ditadas “de cima para baixo”, mas embrulhadas de forma a parecerem decisões partilhadas com municípios, escolas, associações de pais e restantes membros da comunidade escolar. Bem melhor seria o Ministério da Educação deixar de agir unicamente por impulsos de contenção da despesa e dar tempo para a reorganização da rede escolar, a cargo de uma câmara a braços com sérias dificuldades financeiras e com necessidade de se reorganizar a vários níveis para enfrentar uma “lei dos compromissos” que exigirá um rigor enorme na aplicação dos escassos recursos de que dispõe.
Aproximam-se tempos ainda mais difíceis, que vão exigir de todos um empenho e uma dedicação crescentes para, em conjunto, podermos contribuir para a qualidade que esperamos do ensino.
*Presidente da Associação de Pais da ESAA