O Sabugal é um dos sete municípios portugueses que já declararam a tauromaquia como Património Cultural e Imaterial de Interesse Municipal. O concelho raiano, onde se pratica a lide do touro com forcão, numa tradição única no país, foi o segundo a salvaguardar esta prática, depois de Vila Franca de Xira.
Barrancos (Beja), Pombal (Leiria), Alter do Chão, Monforte e Fronteira (Portalegre) foram os restantes, enquanto Alcochete (Setúbal) deverá decidir o mesmo na próxima semana. A declaração foi deliberada em reunião do executivo, pelo que ainda carece da ratificação das respetivas Assembleias Municipais. Posteriormente, as autarquias em causa darão a conhecer a decisão às autoridades competentes para apreciação do Inventário Nacional do Património Cultural e Imaterial (INPCI) de Portugal. Atualmente, a capeia arraiana é a única tradição tauromáquica já registada no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (PCI), após um pedido de inventariação elaborado pela Câmara do Sabugal. É também a primeira manifestação cultural imaterial portuguesa inscrita naquele registo.
Em novembro último, a Comissão para o Património Cultural Imaterial, tutelada pelo extinto Instituto dos Museus e da Conservação (IMC), justificou a decisão com o facto de se tratar de uma «prática cultural, histórica e territorialmente inscrita» nas comunidades de onze freguesias daquele município. Considerou-a mesmo «um reflexo da identidade» de Alfaiates, Aldeia Velha, Aldeia da Ponte, Aldeia do Bispo, Fóios, Forcalhos, Lageosa, Nave, Quadrazais, Rebolosa e Soito. Além disso, sublinhou que esta tradição não revela «intencionalidade de infligir ferimentos ao animal» pelos seus praticantes. Na altura, o autarca local, António Robalo, admitiu que esta classificação poderia ser o primeiro passo para uma candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO. Em Portugal, a secção de municípios com atividade taurina foi criada em setembro de 2001 e congrega 40 municípios de norte a sul do país.