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«Quando não tinha escola, fugia de casa para ir jogar»

Cara a Cara – Filipa Rodrigues

P – Como surgiu a prática do futebol na sua vida?

R – Surgiu muito cedo. Quando tinha 6 anos lembro-me de andar na escola primária e não querer brincar com as minhas colegas, porque preferia ir jogar à bola com os meninos. E muitas vezes, quando não tinha escola, fugia de casa para ir jogar. Por volta dos 14 anos, entrei para a Fundação D. Laura dos Santos, e aí o futebol deixou de ser uma brincadeira para passar a ser algo mais sério.

P – Ajudou a fazer história, ao integrar a seleção nacional de sub-19 que alcançou pela primeira vez a qualificação para o Campeonato Europeu da categoria. Que importância tem para si este feito?

R – Este feito para mim foi muito importante, pois conseguimos fazer história, já que nunca uma seleção portuguesa tinha chegado tão longe na categoria de sub-19. Foi a realização de um sonho, e o resultado de muito trabalho, muita união e espírito de sacrifício.

P – Quais os objetivos para esta primeira participação no Euro de Sub-19?

R – O nosso principal objetivo é dar sempre o nosso melhor, e esta participação no Campeonato da Europa não vai fugir à regra. Queremos mostrar o nosso futebol e levar bem alto o nome de Portugal.

P – Já representou por duas vezes a Seleção A. Que avaliação faz dessa experiência?

R – Foi uma experiência fantástica. Era algo que eu sonhava um dia conseguir, mas nunca pensei consegui-lo tão cedo. Foi uma mais-valia, através da qual aprendi e cresci, não só como jogadora mas também como pessoa.

P – Tem sido fácil conciliar os estudos com a prática desportiva?

R – Nem sempre é fácil conciliar as duas coisas e, por vezes, é necessário um grande esforço e força de vontade para o conseguir. Os jogos da seleção obrigam a faltar a muitas aulas e com isso perde-se muita matéria. O cenário complica-se ainda mais quando os desafios internacionais acontecem na altura dos testes, pois gera-se uma acumulação, e depois chega a haver semanas com provas todos os dias, e algumas vezes com mais do que um teste por dia, o que não é fácil e acaba por ter reflexos nas notas finais.

P – Nota algum preconceito relacionado com o facto de o futebol ser, tradicionalmente, um desporto mais masculino?

R – Sim, infelizmente ainda se nota esse preconceito, ainda que não de forma tão evidente como há uns anos. Isto em Portugal, porque lá fora o futebol feminino é visto de maneira diferente, está mais evoluído e tem mais apoio. A nível interno, as coisas estão a melhorar e já se nota uma maior aposta no futebol feminino por parte da Federação Portuguesa de Futebol, onde já se nota o excelente trabalho que a professora Mónica Jorge tem vindo a desenvolver. Acredito que, no futuro, o futebol feminino em Portugal vai evoluir e vai ser mais apoiado, e espero que a nossa passagem ao Euro seja uma ajuda nesse sentido.

P – Até onde ambiciona chegar como jogadora? Ser profissional está nos seus planos?

R – Sim, ambiciono chegar longe e ser profissional. Quero apostar numa carreira futebolística, mas para isso acontecer tenho que continuar a trabalhar e evoluir para conseguir atingir os meus objetivos. Contudo, neste momento não estou focada no futuro, porque ninguém sabe o dia de amanhã, mas sim no presente. A minha cabeça está na Fundação D. Laura dos Santos, pois quero ajudar a minha equipa a atingir o objetivo para esta época, que passa pela subida à primeira divisão.

Filipa Rodrigues

«Quando não tinha escola, fugia de casa para
        ir jogar»

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