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Imaginei

Uma ideia insana, uma fonte perigosa de luxuriantes prazeres, de sonhos quentes, de imagens cinéfilas vertidas em sensualidade, imaginei e estavas de lingerie, e por sobre uma gabardina, uns sapatos negros altos e eu aguardando na Bertrand, entravas e só se viam as pernas, e os sapatos mais salientes com a gabardina grená. Imaginei e sorri do desafio insano que te queria fazer, do jogo perigoso de te ver chegar ali, comprar um livro comigo, percorrer as prateleiras e insinuar que por baixo estavas só de lingerie. Imaginei e contive-me. Imaginei e vi-te chegar com a gabardina grená e entreabrires a roupa. Imaginei a lingerie nos tons da gabardina. Era. Vi a coxa de soslaio, exibiste por instantes o soutien, só os dois na Bertrand cheia, só os dois a ver os livros sabendo que vieras assim. Uma ideia fervente, um sonho quente, um momento delirante. Imaginei e não disse porque achei demais. Vieste romper a minha fronteira, rebentar com os rituais que não passam de uma ideia e estavas ali completa, de algum modo desnuda. Destruíste a linha que me separa a imaginação daquilo que penso que és capaz. Afinal fui eu que te pensei de menos. Nem sei agora porque te penso e não digo. Dizer-te o que me apetece e zás…. o condão e a magia fazem da realidade uma foça mais estonteante que a imaginação.

Por: Diogo Cabrita

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