Tem lugar em Torres Vedras aquele que é considerado o Carnaval mais antigo do país, com referências desde 1574. O Carnaval de Torres, que se autointitula como “o mais português de Portugal”, é das poucas festividades de carnaval que se mantêm fiéis às tradições da comemoração do entrudo no país. Nos corsos participam os carros alegóricos (que chegam a atingir mais de cinco metros de altura), os grupos de desfile, as “matrafonas” (homens mascarados de mulher) e os famosos cabeçudos (bonecos gigantes) acompanhados pelos “Zés-Pereiras”. Contudo, muitos são os populares que se associam à folia, maioritariamente mascarados, e que desfilam nos espaços livres entre os carros alegóricos e os grupos de desfile. A interação entre o público e os mascarados é em grande parte feita através do arremesso de “cocotes” (pequenos objetos, feitos de papel e restos de serradura e borracha) entre ambos. A música é também toda ela local, tentando manter as raízes portuguesas.
Mas há mais para visitar em Torres Vedras para além do seu carnaval.
Povoada já desde os tempos da pré-história, a cidade recebeu foral em meados do século XIII, e no século XV, um dos mais importantes monumentos religiosos da região fazia parte do seu património: o Convento do Varatojo. Fundado em 1470, foi mandado construir pelo rei D. Afonso VI em agradecimento pelas conquistas no Norte de África.
Em Torres Vedras, merece destaque o seu Centro Histórico, que remonta a épocas anteriores à nacionalidade e é constituído pelos bairros abrangidos pela antiga cerca medieval da vila, hoje inexistente. O seu cerne é constituído pelo Castelo Medieval, reconstruído por D. Afonso Henriques após a conquista aos Mouros e ampliado, no final do século XIII, por D. Dinis, onde ainda se pode constatar a existência de argamassas romanas nalgumas cisternas. Em virtude do terramoto de 1755, apenas restam panos de muralha que assentam em muros de épocas anteriores à Idade Media, uma pequena torre cilíndrica, sinais do antigo Paço, as ruínas do Palácio dos Alcaides, construído sobre alicerces e muros de edificações anteriores, e ainda a porta ogival, encimada pelas armas nacionais manuelinas, ladeadas por esferas armilares com a Cruz de Cristo. A malha urbana estreita e sinuosa do Centro Histórico ascende ao período medieval, e nas suas artérias sucedem-se edifícios de notável simplicidade, construídos e reconstruídos ao longo de vários séculos, com especial relevo para o período pombalino. É de salientar a escala humana das suas praças e adros, marcadas por edifícios de carácter monumental como os Paços do Concelho, o Chafariz dos Canos, a Igreja de S. Pedro, a Igreja de Santiago ou a Capela da Misericórdia. Dentro do Castelo pode admirar-se a Igreja de Santa Maria, a mais antiga matriz de Torres Vedras.
No cimo de um dos mais altos montes que cercam o vale onde está implantada a cidade de Torres Vedras, situa-se o Forte de S. Vicente. É formado por um interessante conjunto de fossos, trincheiras, traveses e posições de fogo, que se mantém com a disposição do tempo da terceira invasão francesa. A sua construção iniciou-se em 1809 e fazia parte do que viriam a chamar-se as Linhas de Torres Vedras. Este forte era um dos pontos mais fortificados das Linhas, continha 39 bocas-de-fogo e capacidade para 2.000 homens, e juntamente com o Castelo, que continha 11 bocas-de-fogo, constituíam os dois redutos da vila.
Nas redondezas, além das Praias de Santa Cruz e de Porto Novo com toda a animação própria de uma estância de férias, com campos de golfe, centros hípicos, hotéis e piscinas, encontram-se também as Estâncias Termais dos Cucos e do Vimeiro, muito procuradas pelas qualidades terapêuticas das suas águas.